Paraguai suspende negociações sobre Itaipu até que Brasil ofereça 'respostas satisfatórias' sobre suposto ataque hacker
Embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes, também foi convocado para prestar esclarecimentos sobre operação da ABIN revelada pelo portal UOL
Atualização às 19h27
O governo do Paraguai decidiu suspender nesta terça-feira (01/04) as negociações referentes ao Anexo C do Tratado de Itaipu “até que o Brasil forneça respostas satisfatórias” a suposta operação de inteligência conduzida pelo Brasil que teria visado autoridades paraguaias envolvidas nas negociações sobre a hidrelétrica binacional.
O Anexo C trata das bases financeiras e da prestação de serviços de eletricidade da usina, sendo fundamental para a definição das tarifas de energia entre os dois países.
Paraguay pide aclaraciones a Brasil y suspende temporalmente negociación del Anexo C del Tratado de Itaipu.
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— Ministerio de Relaciones Exteriores (@mreparaguay) April 1, 2025
Além da suspensão, o embaixador brasileiro em Assunção, José Antônio Marcondes, para prestar esclarecimentos sobre o caso.
A informação foi divulgada pelo chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, em entrevista coletiva. Segundo Lezcano, “convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai para que ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência levada a cabo pelo Brasil mediante a entrega de uma nota oficial para que explique as ações desenvolvidas no marco dessa ordem por parte do governo Brasil”.
Segundo o jornal paraguaio ABC, o presidente da Comissão de Entidades Binacionais da Câmara dos Deputados do país, Mauricio Espínola, apresentou também nesta terça um projeto instando o Poder Executivo do Paraguai a pedir explicações do governo brasileiro sobre o caso.
O deputado colorado, Hugo Meza, afirmou que caso seja confirmada a invasão é “gravíssima”. “Graças a Deus somos parceiros. Isso é realmente extremamente sério de todas as perspectivas, afirmou, segundo o ABC.

Atualizações sobre negociações entre Paraguai e Brasil foram concedidas pelo chanceler Rubén Ramírez Lezcano
Mesmo o deputado da oposição Adrian “Billy” Vaesken disse que o Poder Executivo paraguaio “deve levar a sério” o suposto ataque e “tomar medidas firmes”.
Já o chefe do Ministério de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraguai, Gustavo Villate, chegou a afirmar anteriormente que a suposta invasão não afeta as relações entre os dois países. Sobre as negociações para o Anexo C, garantiu que Brasília e Assunção “estão tomando precauções para um trabalho bem-sucedido”.
Brasil “desmente categoricamente” ataque
O governo do Brasil esclareceu a suposta ação hacker que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) teria feito contra o Paraguai, noticiada pelo portal UOL na última segunda-feira (31/03).
Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o governo Lula desmentiu “categoricamente” qualquer envolvimento em ação de inteligência noticiada contra o Paraguai.
Segundo o comunicado, a operação foi autorizada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em junho de 2022 e “tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”.
“O atual diretor-geral da ABIN encontrava-se, naquele momento, em processo de aprovação de seu nome no Senado Federal, e somente assumiu o cargo em 29 de maio de 2023”, explicou ainda a istração de Lula.
O comunicado lembrou ainda que a nação vizinha faz parte do Mercosul e que Brasília e Assunção mantêm “relações históricas e uma estreita parceria”.
“O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo”, completou a nota do Itamaraty.
(*) Com Brasil247 e informações de ABC
