Parentes de criminosos da ditadura argentina cobram Milei por promessa de indulto
Movimento difundiu carta mencionando “promessas feitas aos familiares” de militares violadores de direitos humanos, que teriam sido feitas pelo candidato de extrema direita durante campanha eleitoral e que não foram cumpridas até agora
Um movimento argentino que reúne familiares de ex-militares condenados pela Justiça por violações aos direitos humanos durante a última ditadura do país – ocorrida entre 1976 e 1983 – publicou uma carta pública na qual cobram do presidente Javier Milei e de sua vice, Victoria Villarruel, o cumprimento de uma promessa feita durante a campanha, pela qual ambos teriam se comprometido a indultar esses criminosos.
“Porque é que as autoridades não cumprem as promessas feitas aos familiares das vítimas do terrorismo judicial de hoje e abandonam aqueles que também lutaram pelas suas vidas e os mantêm na prisão até aos 100 anos, sofrendo tratamentos cruéis e degradantes?”, questionam as 16 mulheres que assinam o texto que foi veiculado pelo diário La Nación.
Genera escozor la carta de lectores de Cecilia Pando en La Nación, pidiendo la liberación de represores, junto a familiares de otros asesinos genocidas.
Claramente ven en este mar de impunidad, la posibilidad de liberar a quienes secuestraron, volaron, torturaron y desaparecieron… pic.twitter.com/Hk2317SnJr— Editor✍ (@Editor_76) January 4, 2024
A carta dá a entender que Milei teria feito um acordo durante a campanha para indultar violadores de direitos humanos caso fosse eleito presidente, ao cobrar o cumprimento de “promessas feitas aos familiares”.
Em outro trecho, o grupo afirma que os festejos de ano novo na Argentina não foram completos, “porque se cumpriu 20 anos da injusta e ilegal prisão dos nossos soldados, que defenderam o país do terrorismo nos Anos 70, o mesmo que hoje ataca a Israel e do qual nós nos horrorizamos”.
A Liberdade Avança
Milei e Villarruel, presidente e vice da Argentina, teriam feito promessa a familiares de militares condenados durante a campanha eleitoral
O uso do termo “terrorismo judicial” foi outro fator que chamou a atenção no texto, já que costuma ser usado pela vice-presidente Villarruel justamente para defender a tese de que os militares condenados teriam sido vítimas de um suposto “ativismo” de algumas figuras do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Vale lembrar que Villarruel é uma advogada que ganhou projeção nacional na Argentina como defensora de militares condenados por delitos de violação aos direitos humanos, incluindo tortura e desaparição forçada de opositores da última ditadura do país.
As familiares de violadores de direitos humanos encerram sua carta pública com um apelo: “vamos unir esforços para que ninguém arranque as nuvens brancas do nosso céu”.
