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Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil não pretende romper as relações diplomáticas com a Venezuela, como feito pelo governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), em meio ao que identificou como uma falta de solução para o processo eleitoral no país vizinho.

Em entrevista à CNN Brasil, Vieira abordou o suposto ime político após Nicolás Maduro ser reeleito nas eleições presidenciais em julho, enquanto a oposição de extrema direita alega fraude, e garantiu que Brasília não procura o “recrudescimento ou rompimento” da diplomacia com Caracas.

“Não creio que seja adequado o recrudescimento ou o rompimento de relações diplomáticas com um vizinho grande, da importância que é a Venezuela, como aconteceu no governo ado, em que fechamos a embaixada, os três consulados e os 20 e poucos mil brasileiros que residem lá ficaram abandonados. O presidente Lula me instruiu logo no primeiro ou segundo dia do seu governo, a reabrir a embaixada, e assim nós fizemos. Vamos continuar, então, portanto, conversando e contribuindo para um consenso nacional dentro da Venezuela”, declarou o chanceler.

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Apesar de rechaçar o fim da diplomacia, Vieira sugeriu que o governo brasileiro incentive “um consenso social e político dentro da Venezuela” ao mencionar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus homólogos da Colômbia e México, Gustavo Petro e López Obrador, respectivamente, têm se posicionado como mediadores para uma solução negociada entre o governo Maduro e a oposição.

Vieira sugeriu ainda que uma saída para a crise política venezuelana poderia ser inspirada no modelo do “Grupo de Amigos da Venezuela”, criado em 2003 por sugestão do Brasil, cujo objetivo era promover um diálogo inclusivo entre o governo e a oposição na época.

“Temos que pensar em algo do gênero, em que esteja presente o governo, a oposição, todos que se possam conversar e saber o que cada um quer, o que cada um espera, o que cada um pode fazer”, defendeu o chanceler, reiterando a necessidade de uma solução que envolva todas as partes interessadas.

Mencionando o asilo político concedido pela Espanha ao principal candidato opositor a Maduro nas eleições presidenciais, Edmundo González, Vieira declarou “não saber por que motivos e se houve pressão ou não” para sua saída de Caracas, afirmando que “há um certo clima de perplexidade internacional sobre isso”.

“Eu sei que o candidato saiu, está exilado. O governo venezuelano deve ter concordado, porque senão ele não poderia ter saído num avião da Força Aérea de um terceiro país”, afirmou.

Quando González deixou a Venezuela, em setembro ado, o governo Maduro, por meio da vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, informou que Caracs manteve “contatos pertinentes” com a Espanha e “após as diligências necessárias e em conformidade com o direito internacional, a Venezuela concedeu “os salvo-condutos necessários” para o asilo de González com o objetivo de manter “a paz e a tranquilidade política” em Caracas.

Marcio Batista/MRE
Em entrevista à CNN Brasil, Vieira abordou suposto ime político após Nicolás Maduro ser reeleito nas eleições presidenciais em julho

González Urrutia, de 75 anos, tinha um mandado de prisão pendente na Venezuela por vários crimes, incluindo “incitamento à desobediência” e “conspiração”, ligados aos protestos ocorridos após as eleições presidenciais e à publicação de atas eleitorais falsas, após acusar fraude no pleito de 28 de julho e não respeitar a reeleição de Maduro, com 51,2%, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Histórico das relações Brasil e Venezuela

As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram interrompidas em 2019, quando Bolsonaro decidiu reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como “presidente interino” do país. Com a volta de Lula ao Palácio do Planalto em 2023, houve a reabertura da embaixada brasileira e a retomada dos laços diplomáticos, marcando uma mudança na política externa em relação ao país vizinho.

O reconhecimento de Guaidó por Bolsonaro na época foi classificado como “infantil” pelo atual chefe das relações exteriores brasileiras. Segundo ele, a medida foi ineficaz e sem resultados concretos.

“[Foi] uma coisa quase infantil reconhecer outra pessoa, uma outra entidade física como presidente da República sem ter um voto popular, que não tinha, foi eleito indiretamente por uma assembleia e que não levou a nada. Só levou ao recrudescimento da situação e só levou justamente à suspensão das relações diplomáticas”, criticou.

Lula ‘agente da CIA’

Apesar das declarações diplomáticas de Vieira, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou Lula de ser um “agente da CIA”, o serviço de inteligência dos Estados Unidos, ao lado do presidente chileno Gabriel Boric.

Na declaração, que foi dada durante o programa “Análise Situacional”, do canal venezuelano Globovísion, Saab criticou principalmente o mandatário brasileiro, sugerindo que Lula mudou sua postura após ser libertado da prisão em 2019.

“Ele não é mais a mesma pessoa que saiu da prisão, nem na aparência, nem na maneira de se expressar”, afirmou o procurador-geral.

Quanto ao presidente chileno, o representante do governo de Nicolás Maduro disse que Boric “traiu a juventude mártir que lutou contra [Sebastián] Piñera”, referindo-se aos protestos sociais no Chile contra o líder conservador.

(*) Com Ansa e Brasil247