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Quarta-feira, 11 de junho de 2025
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O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, reafirmou nesta quarta-feira (04/06), em pronunciamento no Bundestag, o parlamento alemão, o compromisso do país em continuar apoiando Israel, inclusive com o fornecimento de armamentos, apesar das crescentes controvérsias e críticas internas e internacionais.

A sessão parlamentar foi marcada por protestos e incidentes que refletem a polarização do debate sobre o conflito no Oriente Médio.

O apoio firme da Alemanha a Israel é motivo de intensos debates internos. O país, que ao lado dos Estados Unidos figura como um dos aliados mais próximos de Israel, carrega um peso histórico importante devido à sua responsabilidade pelo Holocausto e o extermínio de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Essa herança tem influenciado a política externa alemã e sua posição em relação ao Estado israelense.

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‘Ameaças’

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, destacou que Israel enfrenta ameaças constantes de grupos armados, como os houthis do Iêmen e o Hezbollah, com base no Líbano, além da pressão representada pelo Irã, o que, segundo ele, torna indispensável a manutenção do apoio militar alemão para garantir a segurança do Estado israelense. O ministro conservador também anunciou que se reunirá na quinta-feira com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, durante sua visita a Berlim.

Durante a sessão, uma mulher presente na galeria do plenário interrompeu os trabalhos com gritos em inglês, clamando por “Libertem a Palestina” e “Não ao genocídio”, em referência às operações militares de Israel na Faixa de Gaza. Ela foi retirada à força por agentes de segurança.

Em paralelo, a deputada Cansin Köktürk, do partido de esquerda radical Die Linke, foi convidada a deixar o plenário pela presidente do Bundestag, Julia Klöckner, por usar uma camiseta com a palavra “Palestina”, o que também gerou controvérsia.

Pressão sobre Israel

A recente reafirmação do apoio da Alemanha a Israel, incluindo a continuidade das entregas de armamentos, reflete a complexidade e as contradições que permeiam a política internacional diante do conflito israelo-palestino.

Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, disse que Israel usa armas alemãs ‘apenas para se defender’
Britta Pedersen / DPA

O discurso oficial, representado pelo ministro Johann Wadephul, justifica o apoio militar como uma resposta às ameaças reais enfrentadas por Israel, vindas de grupos armados como o Hezbollah, no Líbano, e os houthis, no Iêmen, além do Irã. Essa narrativa busca legitimar a ajuda contínua como um mecanismo necessário para garantir a segurança do Estado israelense.

Por outro lado, os números trágicos das vítimas palestinas, especialmente civis, apontam para um desequilíbrio humanitário grave. Com mais de 54 mil mortos palestinos – em sua maioria civis – e um bloqueio que ameaça desencadear uma crise alimentar, a situação humanitária em Gaza é denunciada por organizações internacionais e pela ONU como insustentável. Essa realidade alimenta uma crescente contestação social e política na Alemanha, expressa nos protestos dentro do Bundestag e na polêmica envolvendo parlamentares.

Mudança de rota?

A ameaça do chanceler Friedrich Merz de suspender o apoio ao governo Netanyahu indica uma possível mudança de rota, ou ao menos um sinal de alerta, diante da intensificação da ofensiva israelense. Contudo, a forte aliança histórica e estratégica entre Alemanha e Israel – a reforçada por laços políticos, econômicos e culturais – dificulta uma ruptura definitiva no apoio.

O debate na Alemanha expõe um dilema clássico da política externa: conciliar valores morais, como direitos humanos e o compromisso histórico com o povo judeu, com interesses geopolíticos e de segurança.

Enquanto a pressão internacional cresce para que Israel encerre a guerra, o governo alemão tenta equilibrar sua posição para não se afastar de um aliado importante, mas também para não ignorar as preocupações humanitárias e políticas de sua própria sociedade.

Por fim, as acusações de genocídio contra Israel, apesar de rejeitadas pelo governo israelense, refletem uma tensão global sobre o uso da força, proporcionalidade e proteção de civis em conflitos.

Essa discussão não é apenas legal ou diplomática, mas também profundamente ética e política, e tende a continuar alimentando debates acalorados, especialmente em países com laços históricos tão fortes quanto os da Alemanha com Israel.