Ataque israelense em escola com deslocados mata 36 palestinos em Gaza
Bombardeio contra bairro de Al-Daraj provocou grandes incêndios; Tel Aviv disse que 'terroristas de alto escalão' estavam no local
Atualização às 15h29
Um bombardeio israelense contra uma escola que abrigava pessoas deslocadas na Faixa de Gaza deixou ao menos 36 mortos e dezenas de feridos na madrugada desta segunda-feira (26/05). A cifra eleva a 53.977 mortos desde o início do genocídio, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, citado pela Al Jazeera.
O balanço foi divulgado pela Defesa Civil de Gaza e diz que as vítimas incluíam inúmeras mulheres e crianças, muitas das quais foram encontradas gravemente queimadas.
O ataque foi registrado no bairro de Al-Daraj e provocou grandes incêndios que rapidamente consumiram as tendas no pátio da escola, informaram os socorristas.
Por sua vez, o Exército israelense disse que “terroristas de alto escalão” estavam dentro da escola de Gaza que foi atacada.
“A Forças de Segurança de Israel (IDF, na sigla em inglês) e o serviço de segurança interna Shin Bet atacaram terroristas de alto escalão que operavam dentro de um centro de comando e controle do Hamas e da Jihad Islâmica, localizado em uma área que anteriormente abrigava a escola ‘Faami Aljerjawi’ na área da Cidade de Gaza”, diz o comunicado.
De acordo com a nota, “o centro de comando e controle foi usado por terroristas para planejar e coletar informações para realizar ataques terroristas contra civis israelenses e tropas das IDF.” As forças israelenses informaram ainda que a Força Aérea do governo de Benjamin Netanyahu “atingiu mais de 200 alvos terroristas na Faixa de Gaza nas últimas 48 horas”.
כוחות צה”ל ממשיכים לפעול במסגרת מבצע “מרכבות גדעון” נגד ארגוני הטרור ברחבי רצועת עזה: הותקפו יותר מ-200 מטרות במהלך 48 השעות האחרונות
כוחות צה״ל בפיקוד הדרום ממשיכים לפעול בהכוונת אגף המודיעין ושב”כ נגד ארגוני הטרור ברחבי רצועת עזה.
במהלך 48 השעות האחרונות, חיל האוויר תקף יותר… pic.twitter.com/yueLzNo6bv— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) May 26, 2025
A Defesa Civil do enclave palestino disse que 19 pessoas também foram mortas hoje em um ataque israelense contra a casa de uma família no norte da Faixa de Gaza.
O porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal, relatou à AFP que equipes de resgate recuperaram “19 mártires do massacre da família Abd Rabbo, depois que aviões de guerra atacaram a casa da família na manhã de hoje, na cidade de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza”.
Cessar-fogo e ajuda humanitária
Paralelamente, fontes disseram à Sky News Arabia que é cada vez mais provável que “o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anuncie um cessar-fogo em Gaza nos próximos dias”.
Segundo os relatos, “o anúncio de Trump virá como parte de um acordo que inclui a libertação de reféns israelenses”.
No último domingo (25/05), o republicano afirmou que acreditava ter boas notícias do Hamas sobre Gaza: “Queremos ver se conseguimos parar os combates”. “Falamos com Israel e queremos ver se podemos pôr fim a toda essa situação o mais rápido possível”, acrescentou.

Unfpa/Yasmeen Sous
Em relação à ajuda humanitária, o primeiro ponto de distribuição no enclave, istrado pela Fundação Humanitária de Gaza em parceria com Israel, começará a operar hoje, confirmaram autoridades israelenses à emissora pública Kan. Espera-se que mais locais sejam abertos gradualmente.
Em comunicado, a organização expressou também sua decepção com a repentina renúncia de seu CEO, Jake Wood, que afirmou que “está claro que não é possível implementar este plano em estrita conformidade com os princípios humanitários, neutralidade, imparcialidade e independência”.
Enquanto isso, o diretor da nova fundação humanitária apoiada pelos EUA para distribuir ajuda na Faixa de Gaza anunciou que renunciou “com efeito imediato”.
A organização foi criada há alguns meses, após Israel proibir atividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e prejudicar o atendimento humanitário aos palestinos.
Sediada em Genebra, a organização anunciou em 14 de maio que planeja distribuir cerca de 300 milhões de refeições em um período inicial de 90 dias. A ONU e as ONGs têm afirmado repetidamente que não participarão da distribuição de ajuda desta fundação, acusada de colaborar com Israel.
Lula denuncia genocídio
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a classificar como “genocídio” a ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza ao condenar, no último domingo (25/05), um ataque aéreo que matou nove filhos de uma médica palestina.
“A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina Alaa Al-Naijar como consequência de um ataque do governo de Israel é mais um ato vergonhoso e covarde. Seu único filho sobrevivente e seu marido, também médico, seguem internados em estado crítico”, afirmou o presidente em nota divulgada pelo Palácio do Planalto.
A morte de 9 dos 10 filhos da médica palestina, Alaa Al-Najjar, como consequência de ataque aéreo do governo de Israel na faixa de Gaza no sábado (24) é mais um ato vergonhoso e covarde. Seu único filho sobrevivente e seu marido, também médico, seguem internados em estado…
— Lula (@LulaOficial) May 25, 2025
De acordo com o mandatário brasileiro, “o que vimos hoje em Gaza é vingança”. Ele acrescentou que “o único objetivo da atual fase desse genocídio é privar os palestinos das condições mínimas de sobrevivência com vistas a expulsá-los de seu legítimo território”.
O tom enérgico do comunicado reflete a tensa relação entre Lula e Netanyahu. Em fevereiro de 2024, o governo de extrema direita declarou Lula como “persona non grata” após o presidente brasileiro comparar a ofensiva em Gaza ao Holocausto nazista.
Espanha exige embargo contra Israel
Também no último domingo (25/05), foi realizada uma reunião sediada na Espanha com um grupo de 20 países — representantes estrangeiros de nações europeias, países muçulmanos e Brasil — além de organizações internacionais para discutir o fim da guerra, o cerco de Israel a Gaza e o avanço em direção a uma solução de dois Estados.
“Gaza é uma ferida aberta para a humanidade. Não há palavras para descrever o que está acontecendo, mas só porque não há palavras não significa que permaneceremos em silêncio”, disse o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares.
Hoy en Madrid, junto con más de 20 países y organizaciones internacionales, España ha reafirmado su compromiso con la solución de dos Estados para la paz en Oriente Medio. pic.twitter.com/liWHH6lXJF
— José Manuel Albares (@jmalbares) May 25, 2025
“Há muita força diplomática aqui hoje”, disse o chanceler. “Somos governos diferentes se unindo, mas todos acreditamos nos mesmos princípios e não nos resignamos a aceitar a violência como a forma natural de relacionamento entre israelenses e palestinos”.
O representante do governo do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, disse que a Espanha pressionará por medidas para pôr fim à guerra, incluindo a suspensão do acordo comercial UE-Israel, um embargo de armas em toda o bloco contra Israel, sancionando mais indivíduos ligados ao conflito e “tornando a solução de dois Estados impossível”.
(*) Com Ansa, Monitor do Oriente Médio e informações da Al Jazeera
