Drone rastreia Flotilha da Liberdade que leva suprimentos humanitários a Gaza
'Drone não está mais lá', comunicou tripulantes do Madleen; embarcação zarpou da Sicília em 1º de junho, viagem levará sete dias
O navio Madleen, operado pela Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC), continua sua missão rumo à Faixa de Gaza com suprimentos humanitários, enquanto o enclave palestino enfrenta uma severa crise alimentar devido ao bloqueio total imposto por Israel há mais de três meses.
A caminho de Gaza desde o último domingo (01/06), a embarcação foi monitorada nesta madrugada por um drone da Guarda Costeira Helênica. De acordo com dados do FlightRadar, um IAI Heron UAV — veículo aéreo não tripulado de fabricação israelense — realizou uma missão de reconhecimento na região do navio. A operação aérea foi confirmada pelo Ministério da Defesa da Grécia.
O drone decolou às 16h30 (19h10 GMT) de ontem (03/06) e permaneceu no ar até às 04h12 (07h12 GMT) desta quarta-feira (04/06). Informações geográficas apontam que a aeronave operou a cerca de 8 km (5 milhas) de distância do Madleen.
Em nota divulgada nas redes sociais, a Coalizão da Flotilha da Liberdade informou que ‘o drone não está mais lá’ e que ‘todos a bordo do Madleen estão seguros’.
Eles informaram nas redes sociais que o Heron, um drone de vigilância israelense desenvolvido pela Israel Aerospace Industries (IAI), é usado por diversas forças armadas, incluindo Israel e Grécia, para controle de fronteiras, monitoramento marítimo e coleta de inteligência.
O equipamento “pode voar por mais de 40 horas em altitudes de até 35.000 pés e é equipado com câmeras avançadas e sistemas de radar projetados para rastrear movimentos a grandes distâncias. Ele é capaz de transmitir vídeos em tempo real e operar via satélite a uma distância considerável de sua base de controle terrestre”.
“Ver este drone sobre o Madleen, um barco civil que transporta ajuda humanitária e próteses para crianças em Gaza, é um lembrete arrepiante de quão rigorosamente até mesmo missões pacíficas são monitoradas”, afirmou a organização.

@flotilhadaliberdade
A caminho de Gaza
A embarcação zarpou de Catânia, na Sicília, em 1º de junho, apenas um mês após outro navio da FFC ter sido atacado por drones israelenses. A viagem de aproximadamente 2.000 km deve durar sete dias, caso não haja contratempos. A localização do navio continua sendo monitorada em tempo real pela organização Forensic Architecture, com apoio de um rastreador Garmin instalado a bordo.
A última posição registrada a 01h (04h GMT) de hoje, indicava que a embarcação estava a cerca de 600 km da costa da Sicília. A bordo estão 12 ativistas, entre eles, o brasileiro Thiago Ávila e a sueca Greta Thunberg, conhecida mundialmente por sua atuação em questões climáticas.
A missão do Madleen representa mais uma tentativa internacional de romper o bloqueio a Gaza e prestar auxílio à população civil, que sofre os efeitos devastadores da ofensiva israelense, que já levou a mais de 54 mil mortos.
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No lado certo da história
Durante uma transmissão ao vivo realizada em águas internacionais com o portal Middle East Eye, Thunberg afirmou que decidiu participar da missão porque considera que os governos estão falhando em agir diante da crise humanitária em Gaza. “Prometemos a nós mesmos e ao povo palestino fazer tudo o que pudermos”, declarou.
“Quando nossos governos estão falhando conosco… então cabe a nós intensificar e ser os adultos na sala”, disse. Ela contou que “o ânimo está alto” entre os tripulantes do Madleen, apesar dos receios de novos ataques. “Não podemos sentar e permitir que isso aconteça. Estamos assistindo… um genocídio acontecer, após décadas e décadas de opressão sistemática, limpeza étnica, ocupação”, disse.
“Esta missão é apenas parte de um movimento global por justiça social e climática, libertação e descolonização liderado por pessoas marginalizadas. Se quisermos ficar do lado certo da história, é nosso dever e já é hora de nos juntarmos a esse movimento”, postou nas redes sociais.
Com Al Jazeera e Flotilha da Liberdade.
