Gaza: ex-premiê de Israel afirma que 'gangue de Netanyahu' comete crimes de guerra em 'proporções monstruosas'
Ehud Olmert falou que Tel Aviv faz uma 'matança indiscriminada' no enclave de forma 'pública e clara'; 54 mil morreram desde outubro de 2023
O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert afirmou que o Estado israelense está cometendo crimes de guerra na Faixa de Gaza, chamando de “matança indiscriminada” e “proporções monstruosas” as operações militares contra os palestinos. Ele escreveu sua posição em um artigo de opinião publicado nesta terça-feira (27/05) pelo jornal Haaretz, intitulado “Enough Is Enough“ (“Já Chega“).
“O que estamos fazendo em Gaza agora é uma guerra de devastação: matança indiscriminada, ilimitada, cruel e criminosa de civis”, disse. Segundo ele, o resultado dessa ofensiva é de uma “política do governo – ditada de forma consciente, maldosa, maliciosa e irresponsável. Sim, Israel está cometendo crimes de guerra“. E que a “gangue criminosa chefiada por Benjamin Netanyahu” estabeleceu um precedente sem igual na história do país.
Olmert foi primeiro-ministro de Israel entre janeiro de 2006 a março de 2009. Foi durante sua gestão que, em 2008, comparou a violência de colonos israelenses contra palestinos em Hebrom com a perseguição aos judeus na Europa nos séculos 19 e 20. Nesse mesmo episódio disse sentir-se envergonhado da situação.
Nesses quase dois anos de massacre, o ex-premiê disse que rejeitou as acusações de que Israel comete genocídio ou crimes de guerra em Gaza. Porém, afirmou ter mudado de opinião nas últimas semanas.

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“Aproveitei todas as oportunidades disponíveis para fazer a distinção entre os crimes dos quais fomos acusados, que me recusei a itir, e o descaso e a indiferença em relação às vítimas de Gaza e o custo humano inável que estamos cobrando lá. A primeira acusação eu rejeitei, a segunda eu iti. Nas últimas semanas, não tenho mais conseguido fazer isso”, disse.
Segundo ele, a posição de figuras do governo em relação ao enclave é “pública e clara”. “Sim, estamos negando aos habitantes de Gaza alimentos, medicamentos e necessidades básicas de vida como parte de uma política explícita. Netanyahu, como de costume, está tentando obscurecer o tipo de ordens que tem dado, a fim de fugir da responsabilidade legal e criminal no devido tempo”, disse. “Mas alguns de seus lacaios estão dizendo isso abertamente, em público, até mesmo com orgulho: Sim, vamos matar Gaza de fome. Como todos os habitantes de Gaza são do Hamas, não há nenhuma limitação moral ou operacional para o extermínio de todos eles, mais de dois milhões de pessoas”.
Olmert disse que não compartilha da opinião do ex-chefe de gabinete Moshe Yaalon de que Israel está realizando uma limpeza étnica na Faixa de Gaza. Mas ponderou de que o Estado sionista está se “aproximando do ponto em que será inegável que esse é o resultado inevitável do que o governo, os militares e nossos bravos soldados têm feito na prática”.
54 mil palestinos mortos
O posicionamento de Olmert foi publicado no mesmo dia em que o Ministério da Saúde de Gaza anunciou que mais de 54 mil pessoas morreram vítimas dos ataques lançados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).
De acordo com a pasta, desde outubro de 2023, foi contabilizado 54.056 mortes, 123.129 feridos. Somente nas últimas 24 horas 79 pessoas morreram e 163 com ferimentos.

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Para o ex-premiê, é “impossível” ver imagens de Gaza “com equanimidade e um aceno de cabeça” como se a reação do mundo fosse “apenas uma explosão generalizada de antissemitismo, porque todos nos odeiam e são todos antissemitas”.
“Eles estão ouvindo as vozes de Gaza. Eles estão vendo o sofrimento de centenas de milhares de civis. Eles têm ouvido as vozes das reuniões do gabinete israelense e percebem o óbvio: os ministros israelenses, liderados pelo chefão do crime Netanyahu, estão ativamente, sem hesitação e com malícia, adotando uma política de fome e pressão humanitária, com resultados potencialmente catastróficos”, escreveu.
Por fim, Olmert afirma que é hora do governo Netanyahu parar “antes que sejamos todos banidos da família das nações e convocados para o Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra, sem uma boa defesa”.
