Israel emite ordem de evacuação ao ameaçar novo ataque contra Gaza
Netanyahu disse que Tel Aviv vai 'tomar controle' do enclave após novos bombardeios matarem 132 pessoas em 24 horas
A população palestina que reside nas cidades de Khan Younis, Bani Suheila e Abasan, no sul da Faixa de Gaza, foi obrigada a se deslocar de suas casas com urgência nesta manhã (19/05).
Em uma publicação na plataforma X, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Avichay Adraee, declarou que eles devem “evacuar imediatamente” a região.
“A IDF lançará um ataque sem precedentes para destruir as capacidades das organizações terroristas nesta área. Você deve evacuar imediatamente para o oeste para a área de Mawasi. A partir deste momento, a província de Khan Younis será considerada uma zona de combate perigosa. Organizações terroristas trouxeram desastres. Para sua segurança, evacue imediatamente”, diz o texto.
Em vídeo postado no Telegram, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou: “os combates são intensos e estamos progredindo. Tomaremos o controle de todo o território da Faixa“. No domingo, ele havia anunciado, sem especificar quando, a retomada da ajuda humanitária no território, dizendo que seria uma ajuda mínima.

Ashraf Amra / UNRWA
O ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, também se manifestou nesta segunda-feira. Ele disse que Netanyahu está “cometendo um grave erro” ao permitir a entrada de mantimentos e suprimentos para a população.
136 mortos em 24h
Nas últimas 24 horas, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde de Gaza, 136 pessoas foram mortas e 364 feridos deram entrada nos hospitais que ainda restam na região.
Entre eles está o comandante Ahmed Sarhan, integrante dos Comitês de Resistência Popular, aliado do Hamas. Conforme relatos de moradores, Sarhan foi surpreendido e executado em sua casa em Khan Younis por soldados disfarçados de mulheres.
“Como você vê, eles entraram, abriram um buraco na parede, entraram na casa e executaram o pai e levaram uma criança de 11 anos e sua mãe, e foram embora”, declarou Mohammed Sarhan, familiar da vítima, à Al Jazeera.
Na noite de sábado, pelo menos cinco jornalistas palestinos foram mortos com seus familiares por bombardeios realizados em diferentes regiões. As vítimas são Abdul Rahman al-Abadilah, Aziz al-Hajjar, Ahmed al-Zainati, Khaled Abu Saif e Nour Qandil. Ao todo, os ataques israelenses já mataram 122 jornalistas.
Reações
A escalada da ofensiva israelense, nomeada Operação Carruagens de Gideão, acontece em meio a série de manifestações que aconteceram neste sábado (17/05), exigindo o cessar-fogo e denunciando o genocídio contínuo da população palestina desde a Nakba, início do processo de expulsão dos palestinos de suas terras, em 1948.
Nesta manhã, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse que a situação em Gaza é “intolerável”. “É uma situação realmente grave, inaceitável e intolerável. É por isso que estamos trabalhando intensamente para coordenar com outros líderes como respondemos a isso. Continuaremos a trabalhar dessa forma”, afirmou em coletiva de imprensa.
Starmer estava acompanhado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que lembrou que “há dois meses, nenhum suprimento humanitário entra em Gaza. A ajuda deve chegar imediatamente aos civis necessitados e o bloqueio deve ser levantado agora. A ajuda humanitária nunca deve ser politizada”.
Desde o início do conflito, em outubro de 2023, as forças militares de Israel já mataram mais de 53 mil palestinos e feriram mais de 121 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
