Israel ignora críticas e defende ‘Estado judaico’ na Cisjordânia ocupada
Governo israelense disse que Palestina só será reconhecida 'no papel', mas que Estado israelense será construído 'no terreno'
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, declarou nesta sexta-feira (30/05) que seu governo construirá um “Estado judaico” na Cisjordânia ocupada. A declaração foi dada em resposta a um discurso proferido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, horas antes, que defendeu que o reconhecimento de um Estado palestino “não é simplesmente um dever moral, mas uma exigência política e realista”, além de exigir os países europeus a adotarem uma postura mais rígida contra Israel.
“Esta é uma resposta decisiva às organizações terroristas que estão tentando prejudicar e enfraquecer nosso domínio sobre esta terra. Também é uma mensagem clara para (o presidente francês Emmanuel) Macron e seus associados. Eles reconhecerão um Estado palestino no papel, mas nós construiremos o Estado judeu israelense aqui no terreno”, afirmou Katz, durante uma visita a Sa-Nur, um posto avançado ilegal no norte da Cisjordânia que Tel Aviv decidiu designar, recentemente, como um assentamento para colonos israelenses.
“O papel será jogado na lata de lixo da história, e o Estado de Israel vai prosperar e florescer”, acrescentou, descartando as possíveis consequências internacionais.

Daniel Hermoni/Israel Defense Ministry
Na última quinta (29/05), o governo israelense já havia anunciado a criação de mais 22 assentamentos na Cisjordânia ocupada, incluindo novos postos avançados, que são colônias instaladas sem autorização da própria gestão.
A ação foi condenada pela maior parte da comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas (ONU), pois se trata de uma violação do direito internacional e, na prática, significa a anexação de territórios destinados a um futuro Estado palestino.
“Não nos ameace com sanções. Você não vai nos fazer curvar. O Estado de Israel não se ajoelhará diante de ameaças”, afirmou Katz.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, até o momento, o governo de Israel já construiu mais de 100 assentamentos ilegais em toda a Cisjordânia ocupada, os quais abrigam cerca de 500 mil colonos israelenses. Ainda de acordo com o veículo, o território abriga mais de três milhões de palestinos, que vivem sob o regime militar israelense, enquanto a Autoridade Palestina governa áreas limitadas.
Em julho de 2024, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia, declarou ilegal a ocupação israelense de terras palestinas por décadas e exigiu a evacuação de todos os assentamentos existentes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
(*) Com Ansa
