Países europeus ameaçam romper acordo com Israel diante das violações de direitos humanos em Gaza
França declarou que acordo entre União Europeia e Tel Aviv pode ser suspenso, com impactos diretos no comércio
Paris pediu à Comissão Europeia que analise se Israel está cumprindo ou não o acordo de associação com a União Europeia (UE), em meio à sua ofensiva militar na Faixa de Gaza, declarou nesta terça-feira (20/05) o ministro francês da Europa e das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot. A ONU foi autorizada a enviar “cerca de 100” caminhões com ajuda humanitária para o território palestino sitiado da Faixa de Gaza, que enfrenta a fome, segundo informações de um porta-voz em Genebra.
“Os Países Baixos propam reavaliar o acordo de associação entre a União Europeia e Israel, em particular o cumprimento do artigo 2, que determina que ambas as partes — Europa e Israel — devem respeitar os direitos humanos”, declarou Jean-Noël Barrot à rádio Inter.
“Apresentamos nosso apoio a essa iniciativa, e faço um apelo à Comissão Europeia para que conduza essa análise, examine essa solicitação e determine se Israel cumpre ou não esse artigo, se respeita ou não suas obrigações em matéria de direitos humanos”, afirmou.
O chanceler francês acrescentou que, caso fique comprovado o descumprimento, a implementação do acordo pode ser suspensa, com impactos diretos no comércio entre as partes. “Nem Israel, nem a União Europeia, têm interesse em encerrar esse acordo. Mas (…) as imagens que chegam de Gaza, a situação dos civis, das mulheres e das crianças, nos obrigam a avançar um o além”, disse.
Entrada de caminhões com ajuda humanitária é “totalmente insuficiente”
Barrot também classificou como “totalmente insuficiente” a decisão de Israel de permitir a entrada de alguns caminhões com ajuda humanitária na segunda-feira. “Tudo isso precisa parar. (…) Não podemos nos contentar, não podemos desviar os olhos do sofrimento dos palestinos em Gaza. A ajuda humanitária deve ser imediata, massiva e sem qualquer obstrução”, pediu o ministro.
O partido de esquerda da França Insubmissa (LFI) anunciou ainda, nesta terça-feira, a apresentação de uma proposta de resolução europeia para denunciar o acordo de associação entre a UE e Israel.

RS/Fotos Públicas
Ofensiva israelense “ameaça chance de paz”, alerta Catar
Nesta terça-feira, a Defesa Civil da Faixa de Gaza informou que 44 pessoas morreram em novos bombardeios no território palestino, onde o Exército israelense intensifica sua ofensiva militar.
O Catar, que atua como mediador entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, afirmou que essa escalada compromete “qualquer chance de paz” em um território já mergulhado em catástrofe humanitária.
Netanyahu acusa líderes ocidentais de “recompensar” Hamas
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu rapidamente à condenação da ofensiva militar de Israel em Gaza feita pelos líderes do Reino Unido, Canadá e França, acusando-os de oferecer uma “recompensa imensa” ao Hamas.
“Ao pedirem que Israel encerre uma guerra defensiva pela nossa sobrevivência antes que os terroristas do Hamas na nossa fronteira sejam eliminados, e ao exigirem a criação de um Estado palestino, os líderes de Londres, Ottawa e Paris estão oferecendo uma imensa recompensa pelo ataque genocida de 7 de outubro contra Israel, além de incentivarem novas atrocidades desse tipo”, declarou Netanyahu em comunicado, referindo-se ao ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza.
By asking Israel to end a defensive war for our survival before Hamas terrorists on our border are destroyed and by demanding a Palestinian state, the leaders in London, Ottowa and Paris are offering a huge prize for the genocidal attack on Israel on October 7 while inviting more…
— Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו (@netanyahu) May 19, 2025
“Israel apoia a visão do presidente Trump e conclama todos os líderes europeus a fazerem o mesmo. A guerra pode acabar amanhã se os últimos reféns forem libertados e o Hamas dep as armas. Nenhuma nação pode aceitar menos do que isso — e Israel certamente não aceitará”, conclui a nota.
França, Canadá e Reino Unido, em uma declaração conjunta rara e incisiva feita na segunda-feira, exigiram que Israel permita a entrada de ajuda humanitária em Gaza e criticaram a nova ofensiva terrestre israelense, ameaçando com “ações concretas”, apesar do afrouxamento parcial do bloqueio à entrada de ajuda no enclave palestino.
