Rússia acusa Ucrânia de descumprir acordos de Istambul sobre troca de corpos e prisioneiros

A Rússia acusou a Ucrânia neste sábado (07/06) de não cumprir os compromissos firmados durante a segunda rodada de negociações realizada em Istambul, em 2 de maio. Segundo o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, Kiev teria suspendido, de forma inesperada e por tempo indefinido, tanto a aceitação dos corpos de soldados ucranianos mortos quanto a troca de prisioneiros de guerra previamente acordada.

“O grupo de contato do Ministério da Defesa russo está localizado na fronteira com a Ucrânia. No entanto, o lado ucraniano adiou inesperadamente tanto a aceitação dos corpos quanto a troca de prisioneiros de guerra por tempo indeterminado. Por algum motivo, seu grupo de negociação nem sequer chegou ao local da troca”, afirmou Medinsky em sua conta no Telegram.

Ucrânia não compareceu ao ponto combinado

De acordo com o negociador russo, a Ucrânia não compareceu ao ponto combinado para a realização dos procedimentos. Moscou já havia iniciado a entrega de mais de 6.000 corpos de militares ucranianos como parte de um gesto humanitário. O primeiro lote, com 1.212 corpos transportados em caminhões refrigerados, chegou ao local da troca, enquanto o restante estava a caminho em veículos e vagões especiais.

Além da entrega dos corpos, a Rússia afirma ter enviado a Kiev uma lista contendo os nomes de 640 prisioneiros de guerra classificados como gravemente feridos, doentes ou com menos de 25 anos, conforme os termos definidos nas negociações na Turquia.

Na ocasião, as duas partes concordaram com uma ampla troca de prisioneiros com base no princípio de “todos por todos”, priorizando os casos mais graves e jovens combatentes, com um limite inicial de, no mínimo, mil pessoas de cada lado.

Enterro ‘humano’

“Exigimos que Kiev cumpra rigorosamente o cronograma e todos os acordos firmados e inicie imediatamente a troca. Conforme acordado, 1.200 soldados e oficiais de cada lado devem ter a oportunidade de retornar para casa. Exigimos que os corpos de 6.000 soldados e oficiais das Forças Armadas da Ucrânia sejam finalmente removidos para que suas famílias possam receber um enterro humano”, declarou Medinsky.

Ele também manifestou surpresa diante do que chamou de justificativas “estranhas” apresentadas por Kiev para não dar continuidade ao processo. “Medinski expressou sua perplexidade, observando que não entendia a falta de representantes ou listas na Ucrânia.”

A delegação russa afirmou que continua posicionada na região fronteiriça, pronta para concluir os trâmites. “A Rússia sempre cumpre sua palavra”, reforçou o chefe das negociações. Até o momento, as autoridades ucranianas não se manifestaram oficialmente sobre o ime.