Israel ataca alvos militares no Irã; Teerã fala em 'direito e dever' de defesa
Sistema de defesa aérea iraniano interceptou bombardeio contra Teerã, Khuzistão e Ilam, que deixou dois soldados da Guarda Revolucionária Islâmica mortos
Atualização às 10h58
O exército de Israel fez ataques aéreos contra Teerã, a capital do Irã, na noite desta sexta-feira (25/10). Segundo afirmou o governo israelense neste sábado (26/10), as investidas foram um “ataque preciso” contra alvos militares e uma resposta aos envios de mísseis do governo iraniano em território israelense, em 1° de outubro.
Em nota, as Forças de Defesa de Israel (IDF, como é chamado o exército do país) afirmaram que o bombardeio realizado por volta das 2h15 no horário local é uma reação a “meses de contínuos ataques por parte do regime iraniano” contra o país e atingiu “estruturas de produção de mísseis”.
Os sistemas de defesa aérea foram ativados na capital Teerã, de modo que bases militares pertencentes à Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) em Teerã e em cidades nos arredores foram atingidas, mas causou apenas “danos limitados”, e deixou dois soldados mortos, de acordo com o governo iraniano.
As IDF anunciaram também neste sábado a conclusão de sua ofensiva, afirmando que seu ataque atingiu as instalações de produção de mísseis do Irã, conjuntos de mísseis terra-ar e outras capacidades aéreas em diversas regiões do país.
De acordo com a inteligência, aeronaves da Força Aérea de Israel atingiram instalações de fabricação de mísseis usadas para produzir os mísseis que o Irã lançou contra o país”, acrescentou o comunicado
As forças israelenses também acrescentaram que todas as suas capacidades defensivas e ofensivas estão “mobilizadas” e pediram para a população permanecer “vigilante e atenta”, caso haja retaliação por parte do Irã.
Após o lançamento da ofensiva, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conduziu uma reunião com altos funcionários militares e de segurança, informou o porta-voz de seu gabinete.
O encontro ocorreu na base militar de Kirya, em Tel Aviv, e contou com a presença “do ministro da Defesa, do chefe do Estado-Maior do Exército, do chefe da Mossad (inteligência estrangeira) e do chefe do Shin Bet (inteligência interna)”, acrescentou o representante do governo israelense.
“Direito e dever” de se defender
Ao confirmar o ataque, o governo do Irã emitiu um comunicado, no qual afirmava que “as agressões ocorreram apesar dos avisos do Irã contra as ações aventureiras de Israel”.
“Este falso regime [Israel] atacou partes de centros militares nas províncias de Teerã, Khuzistão e Ilam”, afirmaram em uma nota as forças de defesa aérea do Irã. Já a autoridade aeroportuária do Irã anunciou que retomará os voos no espaço aéreo do país.

Irã pediu aos estados-membros da ONU medidas imediatas para “deter a guerra genocida e a agressão contra Gaza e o Líbano”
A declaração iraniana também pediu “que as pessoas permanecessem calmas, mantivessem a solidariedade e confiassem apenas nas notícias da mídia estatal”, “ignorando os rumores da mídia inimiga”.
O Ministério das Relações Exteriores do país emitiu um comunicado sobre o direito e o dever de se defender contra os atos da agressão israelense. “De acordo com o direito inerente à legítima defesa, consagrado no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas, o Irã tem o dever e o direito de se defender contra atos estrangeiros de agressão”, diz a declaração.
Assim “condenar categoricamente a ação agressiva do regime sionista contra vários centros militares no Irã”, considerando-a uma clara violação do direito internacional e da Carta da ONU, especialmente o princípio de proibição de ameaças ou recurso à força contra a integridade territorial e a soberania nacional dos países.
O Irã “apela à maximização de todas as suas capacidades materiais e espirituais para defender sua segurança e interesses vitais e reconhece seus deveres para com a paz e a estabilidade regionais”, e “lembra aos países regionais sua responsabilidade individual e coletiva de salvaguardar a paz e a estabilidade na região”, observou a declaração.
O documento não deixou a violência de Israel contra a Faixa de Gaza e o Líbano de fora: “a continuação da ocupação, das ações ilegais e das atrocidades israelenses na região, especialmente o genocídio dos palestinos e a agressão ao Líbano, que é apoiada pelos EUA e alguns outros países ocidentais, é a principal causa de tensão e insegurança na região”.
Por fim, o Irã pediu aos estados-membros da ONU medidas imediatas para “deter a guerra genocida e a agressão contra Gaza e o Líbano e para pôr fim ao belicismo do regime sionista”.
Pedidos de cessar-fogo
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, pediu a redução da escalada do conflito na região, que envolve a Faixa de Gaza, Irã, Líbano e Israel.
“Precisamos urgentemente de um cessar-fogo, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns, de uma entrega de ajuda eficaz, do fim da ocupação e de um progresso irreversível em direção a uma solução de dois Estados”, publicou nesta quinta-feira (24/10) nas redes sociais.
No começo do mês, o Irã lançou ataques aéreos contra Israel no mesmo dia em que militares israelenses começaram a invasão terrestre do Líbano. Na época, a Guarda Revolucionária iraniana afirmou que o ataque foi uma resposta à morte do chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, na semana ada, e a do líder do Hamas, que atua na Faixa de Gaza. O Irã é aliado dos dois grupos políticos militantes e vem entrando no conflito que começou em outubro do ano ado, quando o Hamas invadiu o território israelense.
(*) Com IRNA, Ansa e Brasil de Fato
