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Terça-feira, 10 de junho de 2025
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Seis meses após o cessar-fogo entre Israel e Hezbollah, as forças militares israelenses continuam violando o acordo quase diariamente. A maioria dos ataques se concentra no sul do país, região controlada pela organização xiita, mas também contra o Vale do Bekaa e subúrbios de Beirute.

Tal acordo entrou em vigor no dia 27 de novembro de 2024 depois de dois meses de intensos bombardeios israelenses e uma invasão terrestre ao país. De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de 80 pessoas foram mortas por Israel apenas nos dois primeiros meses de cessar-fogo, elevando o número total, desde outubro de 2023, para mais de 4 mil.

Nos termos do cessar-fogo, Israel deveria realizar uma retirada completa do território libanês. No entanto, esse compromisso foi sucessivamente adiado – primeiro para 26 de janeiro, depois 18 de fevereiro – até ser prorrogado por tempo indeterminado. Atualmente, tropas israelenses continuam estacionadas em cinco posições consideradas “estratégicas” no sul do Líbano.

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Marcas da ocupação israelense

A estrada que leva a Tayr Harfa, no sudoeste do Líbano, já anuncia o cenário de devastação que tomou conta da vila após os ataques e ocupação israelenses, que só deixou a vila no final de janeiro de 2025, dois meses após o cessar-fogo.

Na rua principal da vila, a reportagem de Opera Mundi encontrou o prefeito de Tayr Harfa, Hassan Hair, um senhor de cerca de 60 anos. Ele manobrava um trator, removendo escombros do caminho.

Prefeito de Tayr Harfa caminha nos estragos deixados por Israel

Hassan guiou a reportagem até a mesquita local, que havia sido transformada em alojamento pelas tropas de ocupação. Do lado de fora, a fachada da construção estava marcada por tiros de tanque; do lado de dentro, colchões imundos, restos de comida e caixas de suprimentos com inscrições em hebraico cobriam o chão.

Opera Mundi também visitou a casa de uma família de civis que foi morta, em 7 de fevereiro de 2025, por uma mina deixada pelo Exército israelense em um dos cômodos. Entre as vítimas estavam duas crianças, de seis e sete anos.

Civis esperam israelenses recuarem para enterrar entes queridos

Já em Yaroun, no sul do país, a entrada da vila é interrompida por uma cerca de arame farpado e uma espécie de barricada improvisada, com bandeiras e destroços demarcando uma separação. De um lado, os moradores libaneses da pequena vila, obrigados a permanecer ali. Do outro, o território ocupado por Israel – uma zona onde ninguém ousa entrar.

Uma casa amarela, ainda de pé, a poucos metros da fronteira improvisada, pertencia a Tehfe Hassan, um comerciante local que não conseguia retornar ao próprio lar havia meses. “Minha casa está ali, a alguns os de mim, mas não posso voltar”, disse. A região onde a casa está localizada havia sido ocupada por tropas israelenses, tornando qualquer tentativa de retorno um risco de morte.

“Os israelenses destruíram tudo. A infraestrutura pública, as árvores, as casas. E tudo isso em uma época em que supostamente estamos no cessar-fogo”, contou Hassan. “O que não puderam fazer durante o conflito, estão fazendo agora, durante o cessar-fogo”.

Jumana ainda não conseguiu enterrar o filho e casas destruídas pelos bombardeios

Leila Kehfe, de 53 anos, esposa do prefeito de Yaroun, conduziu a reportagem de Opera Mundi até o grupo de cerca de dez mulheres, todas vestindo abaya – o manto longo tradicional usado por mulheres em muitos países muçulmanos – e que estavam reunidas ao redor de uma fogueira improvisada. Muitas delas são viúvas ou mães que perderam seus filhos em ataques israelenses.

Entre elas estava Jumana, moradora da vila vizinha de Baraachit. Comparece àquela reunião entre mulheres todos os dias há semanas, sentando-se sempre de frente para a barreira que separa os civis da zona ocupada por Israel. Ela aguarda o momento em que os israelenses finalmente deixem a área, pois do outro lado da barricada, sob os escombros de uma casa destruída, está o corpo de seu filho – que ela espera poder enterrar com dignidade.