Países árabes alertam para risco de escalada no Oriente Médio após ataques israelenses
Iraque, Arábia Saudita, Omã, Catar, Líbano e Paquistão condenaram bombardeio contra Irã
O ataque de Israel contra o Irã, lançado na madrugada desta sexta-feira (13/06), horário local, provocou o repúdio de países e organizações dentro e fora do mundo árabe. Os bombardeios atingiram um aeroporto militar em Tabriz, no noroeste do Irã, além da usina nuclear de Natanz, localizada na região central do país.
Cerca de 70 pessoas foram mortas, entre elas, comandantes militares de alto escalão das forças iranianas, cientistas iranianos e civis em áreas residenciais.
Lideranças iranianas prometeram resposta. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei deu total liberdade de ação às Forças Armadas para uma resposta. Ele afirmou que os ataques das forças israelenses foram um “crime” e que Tel Aviv enfrentará um “destino amargo e terrível”.
Os países árabes condenaram a ofensiva israelense nesta manhã, qualificando-a como uma grave violação do direito internacional e um risco à estabilidade regional.
Iraque
O Ministério das Relações Exteriores do Iraque apresentou uma queixa formal ao Conselho de Segurança da ONU, denunciando que Israel violou seu espaço aéreo para conduzir o ataque. “Essas práticas constituem uma violação flagrante da soberania do Iraque”, declarou o governo iraquiano, pedindo que o Conselho “assuma suas responsabilidades” e tome medidas para “evitar a recorrência de tais violações”.
O primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani qualificou o bombardeio como uma “agressão militar”, “uma violação flagrante dos princípios fundamentais do direito internacional e da Carta das Nações Unidas” e uma “séria ameaça à paz e à segurança internacionais”.
Arábia Saudita
A Arábia Saudita expressou “forte condenação” aos “ataques vis claramente agressivos” de Israel e destacou que eles “minam sua soberania e segurança e constituem uma clara violação das leis e normas internacionais”. O Ministério das Relações Exteriores saudita afirmou que os ataques foram “hediondos” e apelou para que o Conselho de Segurança da ONU interrompa imediatamente a escalada.
O chanceler saudita, príncipe Faisal bin Farhan, realizou ligações de emergência com ministros do Irã, Jordânia e Egito. Na conversa com o iraniano Abbas Araghchi, reiterou a “firme rejeição da Arábia Saudita ao uso da força na resolução de disputas”, enfatizando que “o diálogo e a diplomacia são o único caminho viável”. Ele alertou que os ataques “correm o risco de minar os esforços contínuos para reduzir as tensões”.

Reprodução / Tasnim News Agency
Omã
Omã, que vem mediando as negociações nucleares entre Irã e EUA, classificou o ataque como uma “escalada perigosa e imprudente”. Segundo o governo omanense, a ação “representa uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas e dos princípios do direito internacional”. Ela constitui, frisou, “um comportamento agressivo inaceitável e contínuo que mina os fundamentos da estabilidade na região”. Disse ainda que “Israel é responsável por esta escalada e suas consequências” e apelou à comunidade internacional para “adotar uma posição firme e inequívoca para interromper este perigoso curso de ação”.
Emirados Árabes Unidos
Os Emirados Árabes Unidos também condenaram os bombardeios e pediram “máxima contenção e bom senso para evitar que o conflito se expanda”. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores ressaltou que “os esforços diplomáticos devem ter precedência sobre as respostas militares”.
Catar
O Catar expressou “forte condenação e denúncia do ataque israelense contra o território da irmã República Islâmica do Irã”. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, trata-se de “uma flagrante violação da soberania e segurança do Irã e uma clara violação das regras e princípios do direito internacional”.
Líbano
O presidente libanês, Joseph Aoun, afirmou que os bombardeios “não tiveram como alvo apenas o povo iraniano, mas também todos os esforços internacionais feitos para manter a estabilidade no Oriente Médio e nos países vizinhos”. Ele apelou à comunidade internacional para “tomar medidas eficazes e rápidas para impedir que Israel alcance os seus objetivos, que já não estão escondidos de ninguém”.
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano também condenou os ataques e disse estar “continuando seus contatos” para evitar que o país seja arrastado para o conflito.
Houthis (Iêmen)
Os rebeldes houthis, alinhados ao Irã, declararam que Teerã tem o “direito legítimo de se defender”. Em publicação no Telegram, afirmaram: “condenamos veementemente a brutal agressão israelense contra a República Islâmica do Irã e afirmamos seu pleno e legítimo direito de responder por todos os meios possíveis”. Eles também reiteraram apoio ao programa nuclear iraniano: “apoiamos o pleno e legítimo direito do Irã de desenvolver seu programa nuclear”.
Afeganistão (Talibã)
O governo Talibã condenou os ataques, afirmando que “constituem uma clara violação dos princípios fundamentais do direito internacional, particularmente da soberania nacional”. O porta-voz Zabihullah Mujahid disse no X que “a continuação de tais ações provocadoras de tensão tornou a situação na região ainda mais frágil e preocupante”. Ele pediu que todas as partes “evitem a propagação de mais insegurança e instabilidade”.
Paquistão
O ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, publicou no X: “condenamos veementemente os ataques israelenses injustificados à República Islâmica do Irã”. O ministério paquistanês alertou que os bombardeios “são uma séria ameaça à paz, à segurança e à estabilidade de toda a região e além”.
Jordânia
Logo após o ataque, a Jordânia fechou seu espaço aéreo e reafirmou sua neutralidade. “A Jordânia não permitiu e não permitirá nenhuma violação de seu espaço aéreo, reafirmando que o Reino não será um campo de batalha para nenhum conflito”, declarou um porta-voz do governo.
Hamas
O grupo palestino Hamas afirmou que o Irã “está pagando o preço por suas posições firmes em apoio à Palestina e sua resistência”. Em nota, afirmou: “esta agressão constitui uma escalada perigosa que ameaça desestabilizar a região”. Abu Ubaida, porta-voz do Hamas, escreveu no Telegram que “o inimigo sionista está completamente iludido se pensa que esses ataques traiçoeiros podem minar as frentes de resistência ou estabilizar os pilares dessa frágil entidade na região”.
Hezbollah
O grupo libanês Hezbollah acusou os Estados Unidos de fornecerem “aprovação, coordenação e encobrimento direto” aos ataques. Em declaração, afirmou que “este inimigo não segue nenhuma lógica ou lei e conhece apenas a linguagem da matança, do fogo e da destruição”. O grupo chamou o bombardeio de uma agressão “brutal” que ameaça “incendiar a região”.
Confira o que disseram China, Estados Unidos, França, entre outros.
Com Tasnim News Agency e Al Jazeera.
