Rússia, China, Venezuela e mais países condenam bombardeio de Israel ao Irã
Presidente da Turquia afirma que comunidade internacional 'deve pôr fim ao banditismo israelense' que visa a estabilidade global
Os governos da Rússia, China, Venezuela, Turquia e Afeganistão condenaram a agressão de Israel contra o Irã, após uma série de bombardeios na capital Teerã, em área residencial de oficiais militares. Em comunicados oficiais, os países se solidarizaram com a população iraniana e pediram cautela e moderação de ambas as partes. Estados Unidos diz ter avisado previamente, Europa pediu moderação aos ataques, mas o governo alemão de Friedrich Merz se manteve alinhado a Israel.
Rússia
Segundo a agência russa Sputnik, o presidente russo, Vladimir Putin está acompanhando a situação em tempo real. O Ministério das Relações Exteriores do país afirmou que os “ataques militares não provocados contra um Estado-membro da ONU, seus cidadãos e cidades pacíficas na madrugada são categoricamente inaceitáveis”.
O comunicado russo enfatiza que estão “monitorando de perto as ações da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA)” e esperam que “os países ocidentais, que provocaram a recente onda de histeria anti-Irã no Conselho de Governadores da AIEA percebam as consequências perigosas de sua abordagem destrutiva, bem como o grau de responsabilidade que têm pela tragédia em curso”.
O documento ainda diz que a Rússia “espera” que o Diretor-Geral da AIEA apresente avaliações equilibradas e objetivas dos acontecimentos atuais – “em particular, uma análise abrangente das potenciais consequências radiológicas dos ataques às instalações nucleares no Irã”.
Moscou também espera que a abordagem pacífica prevaleça e apela à moderação das partes, para evitar uma nova tensão, que pode levar a uma guerra de grande escala na região, afirmou a chancelaria.
China
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, também se pronunciou nesta sexta-feira. O líder disse que Pequim está com “profunda preocupação” perante os ataques, segundo o jornal estatal Global Times.
“Estamos altamente preocupados com os ataques de Israel ao Irã e profundamente apreensivos quanto às possíveis consequências graves dessas ações”, afirmou o porta-voz. Ele enfatizou que a China se opõe “a qualquer violação da soberania, segurança e integridade territorial do Irã”, reiterando a importância de respeitar os princípios do direito internacional.
Venezuela
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, emitiu um comunicado via Telegram condenando as ações do Exército israelense no Irã.
A declaração denuncia os atentados como um “ato de guerra” que se junta ao extenso histórico de crimes atribuídos ao governo de Benjamin Netanyahu, como uma “máquina de destruição opera fora de qualquer legalidade “.
O governo venezuelano exige o fim imediato de todas as hostilidades por parte de Israel, argumentando que Tel Aviv transformou sua política externa em “uma ameaça permanente à paz na Ásia Ocidental”.
Turquia
Por sua vez, o presidente turbo Tayyip Erdogan também condenou o bombardeio israelense. Através de um posicionamento no X, ele alertou dizendo que o governo de Netanyahu está tentando causar um desastre na região e que é “claramente uma provocação”.
“Os ataques de Netanyahu e sua rede de massacres, que estão incendiando toda a nossa região, devem ser evitados”, afirmou o presidente turco. E também acrescentou que “a comunidade internacional deve pôr fim ao banditismo israelense que visa a estabilidade global e regional”.
Afeganistão
As autoridades do Talibã no Afeganistão condenaram o ataque de Israel no Irã, segundo o jornal britânico Guardian. “O ataque viola as leis internacionais e alimenta a insegurança na região”.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo do Talibã, publicou no X um comunicado alegando que a morte de comandantes militares e dos cientistas nucleares significa uma “clara violação da lei dos princípios fundamentais internacionais, principalmente da nação soberana”.
As autoridades do Talibã que não reconhecem Israel como um Estado também pontuaram que a tensão “tornou a situação da região ainda mais frágil e preocupante”.
Apesar do Teerã não ter oficialmente reconhecido o governo do Talibã no Afeganistão – que reassumiram controle em 2021, o Irã é um dos poucos países que possui uma relação diplomática com o movimento militarista e fundamentalista islâmico.
Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que havia dado ao Irã um ultimato de 60 dias para fechar um acordo nuclear antes dos bombardeios. “Hoje é o 61º dia. Eu disse a eles o que fazer, mas eles simplesmente não conseguiram. Agora eles têm, talvez, uma segunda chance!”, escreveu o norte-americano em sua rede Truth Social.
O republicano classificou os ataques como “excelentes” e alertou que “há mais por vir. Muito mais”, em entrevista à ABC News. Trump também avisou que os próximos ataques planejados poderão ser “ainda mais brutais” e instou Teerã a negociar: “chega de mortes, chega de destruição, simplesmente faça isso, antes que seja tarde demais”.
Europa
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma reunião especial de defesa e segurança em Paris e fez um apelo: “para evitar colocar em risco a estabilidade de toda a região, apelo a todas as partes para que exerçam a máxima contenção e diminuam a tensão”.
Já o chanceler alemão, Friedrich Merz, que revelou que conversou com Netanyahu na manhã de sexta-feira, pediu que “ambos os lados se abstenham de medidas que possam levar a uma nova escalada”. O líder alemão demonstrou apoio a Israel reforçou que “o objetivo deve continuar sendo impedir que o Irã desenvolva armas nucleares”. Também acrescentou que as autoridades de segurança na Alemanha aumentarão a “proteção das instituições judaicas e israelenses”.
Antonio Tajani, vice-primeiro ministro italiano, disse conversou com o chanceler iraniano, Seyed Abbas Araghchi e “enfatizou” a importância do Irã evitar uma escalada militar com Israel. Também pediu a seu homólogo israelense que evite uma escalada. Tajani reforça que para o Governo italiano, é “absolutamente crucial continuar trabalhando para alcançar a paz e a estabilidade no Oriente Médio, também por meio da interrupção imediata das operações militares em Gaza, que continuam a atingir a população civil palestina de maneira inaceitável”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também se manifestou sobre o conflito, classificando a situação como “profundamente alarmante”. Ela defendeu que “uma resolução diplomática é agora mais urgente do que nunca, em prol da estabilidade da região e da segurança global”.
