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Terça-feira, 10 de junho de 2025
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Assisti a boa parte do vídeo do excelente debate promovido na Tapera Taperá sobre a Flip de 2018. Em determinado momento, a curadora Joselia Aguiar falou que a Flip de 2018 é consequência da Flip de 2017.

Ainda que essa não seja a única razão (e nem acho que ela pensa assim), concordo a Josélia. A curadoria de 2017 abriu enormes janelas para que em 2018 as casas independentes e o badaladíssimo (com razão) barco pirata se destacassem. Tem gente falando que fez o que a Josélia fez antes dela, o que é bobagem: o que eles (em geral homens) fizeram é deles, o que Josélia fez é dela. A Josélia o que é de Josélia.

Evidentemente, a participação das independentes têm uma história concreta e uma pré-história de críticas ao modelo geral do festival. Josélia também reagiu a um movimento externo, mas há quem reaja mal, e há quem reaja bem.

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O desafio não é fazer a constatação certa sobre 2018, é pensar como a Flip de 2019 pode ser resultado da de 2018. E isso não pode ser trabalho apenas da curadoria. É preciso repensar a festa toda, desde o modelo canonizador da “obra completa” do homenageado até a lógica da livraria monopolista (já em decadência evidente). Diria até que hoje a questão é menos da curadoria que da concepção original da Flip como negócio, que precisa ser mais inclusivo economicamente e socialmente.

O desafio não é fazer a constatação certa sobre 2018, é pensar como a Flip de 2019 pode ser resultado da de 2018. E isso não pode ser trabalho apenas da curadoria

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Feministas negras debate na Flipei, coletivo de editoras independentes, na Flip 2018

Acho também que é preciso não ter medo da palavra “cota” (que coisa mais velha!) enquanto a igualdade não for naturalizada no país. É preciso não acreditar na beleza imanente, na transcendência das palavras, na literatura edificante.

Temos preconceitos literários à vontade nas leituras que dominam o discurso crítico brasileiro. Aqui, eles se misturam com outras dominações num nível mais alto que em outras literaturas ocidentais e latino-americanas. Mas temos também leituras libertárias do ponto de vista formal, social e político.

A Flip nasceu elitista, mas às vezes o povo toma, ainda bem, o controle, ainda que parcialmente, de instituições elitistas e as modifica.

Já escrevi bastante sobre como o fracasso elitista da USP nos anos 1930 fez surgir uma geração de alunos e professores progressistas nos anos 1940 e 1950 (é o que explica como o menino de rua, engraxate e parcialmente autodidata, Florestan Fernandes encontrou espaço para ser o líder de uma faculdade que é cheia de contradições, mas importantíssima para o desenvolvimento econômico se social brasileiro).

A Flip ará por esse processo de popularização?