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Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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Em fevereiro deste ano a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal deu parecer favorável ao Projeto de Lei 4256/2019, que dispõe sobre o armamento de agentes socioeducativos. O autor do projeto é o Senador Fabiano Contarato, ex-delegado da Policial Civil, eleito pelo PT do Espírito Santo. Também tramita na Câmara dos Deputados o PL 376/2024, que versa sobre o mesmo tema e é de autoria do deputado Messias Donato (Republicanos-ES). 

Em contraposição à política do governo Lula, que no primeiro ato como presidente assinou um decreto para restringir a compra e registros de armas no país, os projetos de lei em tramitação têm preocupado organizações de direitos humanos ligadas aos direitos de crianças e adolescentes. Em nota técnica, a Coalizão pela Socioeducação conclui que “armar agentes socioeducativos […] será um retrocesso e uma violação grave aos direitos fundamentais de adolescentes e jovens no Brasil, tanto no plano nacional quanto no internacional.” 

Quem são os jovens do sistema?

O relator do projeto no Senado, Eduardo Girão (NOVO-CE), defendeu a aprovação do PL argumentando que se trata de uma medida para assegurar a vida dos agentes, uma vez que estes seriam “constantemente ameaçados por elementos que integram quadrilhas, muitas delas comandadas, infelizmente, por menores infratores.“ (Agência Senado) 

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No entanto, os dados do Relatório Anual do Conselho Nacional de Justiça apontam que a maioria dos adolescentes privados e s de liberdade, na verdade, se envolveram em atos infracionais ligados a crimes contra o patrimônio: 45% roubo e 22% tráfico de drogas. Ou seja, a minoria desses jovens estão ligados a atos infracionais análogos a crimes contra a vida. 

Em um ano de flexibilização de armas e munições, promovida pelo governo Bolsonaro, tivemos aumento de 24% de assassinatos por arma de fogo no país (2020 a 2021).
(Foto: Clinger Holsters / Flickr)

O relatório destaca ainda que “não é incomum que a implicação desses adolescentes e jovens em dinâmicas infracionais em grande medida se relacionem com questões estruturais vinculadas às desigualdades sociais e ao o à bens e renda” e que a própria Organização Internacional do Trabalho “compreende o ato infracional análogo ao tráfico de drogas como umas das piores formas de trabalho infantil”.

Ampliar a circulação de armas de fogo aumenta a violência 

Os casos de morte por arma de fogo no Brasil representam 76% do total de mortes violentas em 2022, segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em um ano de flexibilização de armas e munições, promovida pelo governo Bolsonaro, tivemos aumento de 24% de assassinatos por arma de fogo no país (2020 a 2021). Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que, não fosse essa política, o Brasil teria 6.379 homicídios a menos entre 2019 e 2021. 

Portanto, é falso afirmar que aumentar o armamento promoverá mais segurança para a sociedade ou mesmo para o portador da arma. Flexibilizar a posse e porte de armas, ao contrário do que dizem os seus defensores nos rincões do país, corresponde a um aumento direto da violência. 

Além disso, a política armamentista está a serviço da ganância pelo aumento dos lucros dos fabricantes de armas. 

Não à toa, Salésio Nuhs, que é CEO da maior fabricante de armas do Brasil, a Taurus Armas, se lamenta em entrevista ao jornal O Globo pela queda de 75% dos lucros da empresa após o decreto federal de restrição ao armamento. Isso porque, durante o governo Bolsonaro, a empresa teve recordes de lucro e faturamento com a política de incentivo e ampliação do o às armas e munições no país. A receita da Taurus  chegou a crescer 204,7%, e o lucro, 1.059% em 2021. 

De fato, os senhores das armas se esbaldam com a violência e a guerra, como comprova o disparo das ações da Taurus na medida em que se aprofunda a guerra do Estado de Israel contra o povo palestino, com aumento ainda de 700% das exportações para Israel só no primeiro semestre de 2023. 

Violência é sintoma e não a causa 

Existem duas posições na sociedade sobre o problema da violência. A primeira, carregada com a ideologia fascista das classes dominantes, propõe armar as pessoas para defender suas posses, aumentar ostensivamente o policiamento para proteger as propriedade nos bairros ricos e reprimir a miséria nos bairros populares. 

Fico com a explicação mais justa. Basta olhar para ver que a violência é o sintoma e não a causa. Apesar do Brasil ser um país extremamente rico, como comprova o PIB de 2,62 trilhões de reais do agronegócio ou o faturamento de 115 bilhões do Carrefour em 2023, essa imensa riqueza se concentra na mão de um pequeno punhado de pessoas. A imensa maioria, na realidade, vive na pobreza, com 12,2 milhões de trabalhadores desempregados. A mendicância, criminalidade, tráfico e crescimento da população em situação de rua é o que resta para o povo debaixo de tanta exploração. Só na capital de São Paulo, 31.884 pessoas estão vivendo nas ruas, segundo dados da ONG SP Invisível. Esse número representa uma população superior a 89% das cidades brasileiras. (A Verdade, nº290).

Que oportunidades são oferecidas para a juventude nesse sistema?

Os homens que fazem as leis deveriam estar preocupados em resolver o problema das escolas caindo aos pedaços, da falta de emprego e moradia para nossos jovens. Sem dúvidas, nenhuma criança sonharia em ser ladrão se tivesse comida na mesa e um pouco de dignidade na vida.