Suprema Corte da Argentina confirma prisão contra Cristina Kirchner
Decisão mantém sentença de 2022 e decreta também a inelegibilidade da ex-presidente, que discursou contra Milei: ‘acha que vai melhorar a economia me prendendo’
A Suprema Corte de Justiça da Argentina decidiu nesta terça-feira (10/06) decretar a prisão da ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), em função do chamado “Caso Vialidade”, no qual ela foi acusada de encabeçar um suposto esquema de corrupção e istração fraudulenta durante o seu mandato.
A determinação da máxima instância do Poder Judiciário argentino retificou uma senteça emitida em dezembro de 2022, pela 2ª Vara Federal de Buenos Aires, que condenou Cristina a uma pena de seis anos de prisão, além da impossibilidade de concorrer a cargos públicos.
Discurso na sede peronista
Na noite desta segunda-feira (09/06), a líder peronista convocou a militância do Partido Justicialista e de outros movimentos ligados à coalizão de centro-esquerda União Pela Pátria para denunciar o que disse ser uma “operação de lawfare” contra ela, para desviar a atenção sobre a crise econômica que o país vive em função das políticas econômicas do governo de extrema direita de Javier Milei.
Em um pequeno palanque montado na frente da sede do Partido Justicialista, Kirchner disse que “o modelo econômico do governo de Milei vai fracassar, e ele não vai conseguir pagar os juros da dívida nem melhorar os salários me prendendo”.
“Melhor ele (Milei) começar a pensar em outra saída, porque eu vou ficar presa, mas a vida do povo vai piorar a cada dia”, acrescentou a ex-presidente.
Em outro momento do discurso, Cristina afirmou que a direita argentina “sonha com colocar a minha cabeça em uma estaca e exibir para o povo, para que todos saibam como acabam os governos que ousam tirar a Argentina das garras do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos grandes interesses privados, ou os que ousaram recuperar as nossas estatais e o controle do Estado sobre os nossos recursos naturais”.

El Destape
Militância
A líder peronista também convocou a militância do seu partido a se organizar para enfrentar politicamente a extrema direita argentina, e fez uma crítica à sua coalizão, por dar mais importância às necessidades eleitorais, tendo em vista os pleitos legislativos marcados para o segundo semestre deste ano.
“Não estamos dialogando com as bases, e enquanto isso, eu ouço vocês (líderes dos partidos) falando sobre lugares nas listas (de candidatos ao Parlamento). Parem de enrolar de uma vez por todas. Temos que ouvir o que está acontecendo (com as pessoas), porque isso (a política de Milei) vai gerar uma crise enorme e exige que nós estejamos preparados para ser uma alternativa de governo”, ressaltou Cristina.
A ex-presidente também argumentou que o peronismo precisará de “muita militância e solidariedade”, e que as organizações de base devem “estar ao lado dos que sofrem, e em favor de uma unidade que garanta a construção da vitória”.
Candidatura legislativa
Há uma semana, em uma entrevista ao canal C5N, Kirchner anunciou que será candidata nas eleições para a Assembleia Legislativa da Província de Buenos Aires, que acontecerão em setembro deste ano.
Isso significa que ela disputará as eleições provinciais, para o cargo de deputada provincial, equivalente ao de deputado estadual no Brasil.
Perguntada sobre por quê uma ex-presidente disputará um cargo legislativo regional, Cristina disse que “não se deve acreditar que a política é uma escalada sempre para cima; é preciso deixar de lado a mesquinharia e os egos, e pensar onde podemos ser mais úteis, as horas e os lugares certos”.
Com informações de Página/12 e El Destape.
