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Segunda-feira, 9 de junho de 2025
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O Demokraatit, partido liberal que defende a independência da Groenlândia, venceu as eleições parlamentares celebradas na ilha nesta terça-feira (11/03).

O pleito teve cobertura inédita da imprensa internacional pelas insistentes ameaças do presidente norte-americano Donald Trump de anexar a ilha, por bem ou pela força. As ameaças talvez expliquem também a alta participação de mais de 70% dos eleitores nesse país de 57 mil habitantes.

O vencedor, tido como um partido de centro-direita, surpreendeu obtendo 30% dos votos, o triplo do que conseguiu na eleição ada, em 2021. Em segundo lugar, com 24,5%, ficaram os Naleraq, partido que dobrou os resultados obtidos no pleito ado.

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Em terceiro, com 21,4%, ficou o partido ambientalista de esquerda Inuit Ataaqatigit (IA), do atual primeiro-ministro groenlandês Múte Egede, de 38 anos. A sigla caiu 15 pontos com relação a 2021.

Seu parceiro de coalizão, o social-democrata Siumut, ficou com 14,7%, metade do que teve na eleição anterior. O Atassut, único dos seis partidos da ilha que não apoia a independência, ficou em quinto lugar, com resultado parecido ao da eleição ada (7%).

Vencedor quer unidade ante ameaças de Trump

Esta será a primeira vez desde que a adoção do Estatuto de Autonomia da Groenlândia, em 2009, que a ilha não será governada nem pelo Siumut, nem pela IA.

“Estamos abertos a conversar com todos os partidos e a buscar a unidade, especialmente pelo que está acontecendo no exterior. Estamos em um momento em que precisamos estar juntos”, disse o líder do partido vencedor, Jens-Frederik Nielsen, um ex-campeão de bton de 33 anos.

Nielsen, cujo partido controlará um terço do Parlamento, também defendeu uma “abordagem calma” com relação aos Estados Unidos.

“Respeitamos os resultados da eleição”, disse por sua vez o primeiro-ministro cessante Egede. Ele disse que seu partido, a IA, estava pronto para participar das negociações.

Durante a campanha eleitoral, os seis partidos existentes na Groenlândia criticaram as pretensões de Trump sobre a ilha, embora o segundo colocado, Naleraz, com bem menos dureza.

Wikimedia Commons
Vista noturna de Nuuk, capital da Groenlândia

 

85% da população é contra anexação aos EUA

A tentativa de Trump de seduzir os groenlandeses prometendo “trilhões de dólares” em investimentos caso se integrassem aos Estados Unidos, foi rejeitada por 85% da população da ilha, segundo pesquisa feita há algumas semanas.

O Demokraatit quer a independência e que a Groenlândia se torne um novo membro das Nações Unidas, mas avalia que o país precisa se preparar para isso.

Com apenas 56,7 mil habitantes, a maioria deles (88%) composta por inuítes, um povo nativo do Ártico, a Groenlândia tem 80% da sua superfície coberta de gelo. Com 2,2 milhões de quilômetros quadrados, é a maior ilha do mundo, com uma superfície 50 vezes maior do que a Dinamarca continental.

Apesar das dimensões, a Ilha depende economicamente de Copenhague, que fornece mais de 500 milhões de euros anuais em subsídios ao orçamento público local. Esse subsídio representa entre 40% e 50% do orçamento da Groenlândia. Atualmente, a pesca responde por 90% das exportações.

O partido vencedor acredita que, antes de ser independente, a Groenlândia precisa, primeiro, construir uma economia mais sólida. Para isso, propõe desenvolver o turismo, a mineração – hoje baseada em apenas duas minas ativas – e a extração de hidrocarbonetos.

Segundo colocado defende livre associação com EUA

Já o segundo colocado nas eleições, o Naleraq, tido como um partido populista, defende a independência o mais rápido possível, propondo de um acordo de livre associação com os Estados Unidos em troca de apoio econômico e segurança.

Sua campanha eleitoral foi bem menos crítica com as declarações de Trump. O Naleraq teve votos nos assentamentos menores e mais remotos, mas resultado modesto na capital. Seu líder é o empresário e piloto Pele Broberg.

A posição geográfica estratégica e o subsolo rico em minerais raros e essenciais para as novas tecnologias fez com que Trump considere “possuir a ilha” indispensável para os Estados Unidos. Ele já propôs comprá-la da Dinamarca, garantiu que sua população ficaria rica se estivesse junto aos EUA e não descartou conquistá-la pela força militar.

O Estatuto de Autonomia aprovado em 2009 contempla o direito à autodeterminação. Caso a maioria do Parlamento da Groenlândia votasse por isso, a ilha teria que negociar com a Copenhague como seria o processo, aprovar em referendo e, então, obter a aprovação dos parlamentares dinamarqueses.

A ilha foi colônia da Dinamarca do século 18 até 1953, quando tornou-se parte do país. Em 1979, após um referendo, ganhou o status de território autônomo. Em 2009 sua autonomia foi ampliada, mas a defesa, política externa e questões monetárias continuam sob controle de Copenhague.