Japão registra menor taxa de nascimento em mais de um século: 'emergência silenciosa'
Pela primeira vez, desde 1899, número de recém nascidos caiu para menos de 700 mil; número de óbitos foi mais que o dobro
O número de nascimentos no Japão caiu para menos de 700 mil pela primeira vez desde que os registros começaram, em 1899. O governo do premiê Shigeru Ishiba avalia que esse cenário representa uma queda na taxa de fecundidade, que saiu de 1,20 em 2023 para 1,15 em 2024.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (04/06), o número de nascimentos teve um declínio de 5,7% em relação ao ano anterior, totalizando 686.061 – 41.227 a menos do que em 2023. Os dados excluem bebês nascidos de residentes estrangeiros.
Ishiba descreveu a situação como uma “emergência silenciosa” e está estudando medidas para reverter o cenário, como a expansão de subsídios infantis, ensino médio gratuito e a garantia de que os casais receberão o equivalente a 100% do seu salário líquido quando tirarem licença parental ao mesmo tempo.
Tóquio incentiva o aumento da natalidade, uma vez que a taxa está caindo além do esperado. Mesmo com o aumento de casamentos, a estatística de nascimentos e a taxa de fertilidade seguem em queda constante durante nove anos consecutivos.
Além disso, a atual gestão também ressaltou que a taxa está abaixo de 2,1 de nascimento por casal — nível considerado para manter a população estabilizada. Os dados também apontam que 1,6 milhão de mortes foram registradas em 2024, um aumento de 1,9% em relação ao ano anterior.

Danny Choo / Wikimedia Commons
Se a tendência persistir, a população, de cerca de 124 milhões, deverá diminuir para 87 milhões até 2070, quando 40% dos japoneses terão 65 anos ou mais.
Apesar do número de casamentos ter aumentado mais de 10 mil pela primeira vez em dois anos, a tendência de queda observada desde a década de 1970 permanece inalterada.
O antecessor de Ishiba, Fumio Kishida, alertou que a queda de nascimentos combinada com o aumento do número de mortes ameaçava a capacidade do Japão de “funcionar como uma sociedade”, acrescentando que o país havia chegado ao momento “agora ou nunca” para lidar com sua crise demográfica.
O Japão vivenciou dois picos de baby boom, o primeiro após a Segunda Guerra Mundial, entre 1947 a 1949, e o segundo nos anos de 1971 e 1974, com cerca de 2 milhões de nascimentos por ano.
