Marcha dos Aposentados termina com 82 feridos e quatro presos na Argentina
Maioria apresentou queimaduras no rosto causadas por agentes químicos; imprensa foi alvo dos ataques
A Marcha dos Aposentados em Buenos Aires foi novamente marcada pela brutalidade do governo Milei. Nesta quarta-feira (21), a operação repressiva liderada pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, deixou 82 feridos e quatro detidos, incluindo jornalistas e fotojornalistas que cobriam o protesto.
O ato de resistência dos aposentados argentinos acontece semanalmente diante do Congresso Nacional. Eles pressionam pelo aumento do valor da aposentadoria e pela continuidade da moratória previdenciária, ante a elevação do custo de vida no país. A pobreza atinge atualmente mais de 11,3 milhões de argentinos.
As mobilizações vem sendo organizadas por várias entidades, como a Frente de Esquerda, o Polo Operário e a União dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP). Até agora, o parlamento argentino não debateu nenhuma exigência devido à falta de quórum.
O ataque
Antes do início da marcha, uma missa ecumênica foi celebrada por líderes das igrejas Católica e Evangélica, em protesto contra o que definiram como “violência institucional sistemática” do governo Javier Milei. “Não é possível que aposentados que buscam uma reivindicação justa continuem sendo atacados toda semana”, afirmou o padre Paco Oliveira, já agredido em outras manifestações.
Com o Congresso sitiado por barreiras policiais e ruas bloqueadas, o que deveria ser uma mobilização pacífica por direitos mínimos transformou-se, mais uma vez, em um cenário de brutalidade estatal. A repressão começou por volta das 15h, com a presença da Polícia Federal, Gendarmaria, Guarda Costeira e Polícia Aeroportuária nas ruas.

CTAAutonoma/X
As forças de repressão argentina usaram gás lacrimogêneo contra os aposentados e cassetetes para dispersar o ato. A Comissão Provincial de Memória (M) apontou que a maioria dos feridos apresentava queimaduras no rosto causadas pelos agentes químicos.
Imprensa como alvo
A imprensa foi novamente alvo dos ataques. Os jornalistas Pablo Corso e Diego Pérez Mendoza, do La Nación+, Lula González, repórter do El Destape ficaram feridos. Os policiais prenderam os fotógrafos Javier Iglesias e Tomás Cuesta, da AFP; e destruíram a câmera da fotojornalista Mariana Nadelcu enquanto ela registrava as agressões, informa a TeleSur.
Segundo o Centro de Estudos Legais e Sociais a repressão tem o objetivo de “punir aqueles que tornam visível a violência policial”. A entidade destaca que “os aposentados têm exigido uma aposentadoria que seja minimamente suficiente para que possam comer o mês inteiro”. Além da repressão, lamentou, “o Congresso lhes deu as costas novamente”.
Na última semana, a polícia argentina feriu mais de 100 pessoas durante os atos que funcionam como uma espécie de termômetro da escalada autoritária do governo Milei.
Com Tele Sur, Página 12, Brasil 247.
