Ativistas pró-Palestina são deportados do Egito, mas movimento resiste: ‘Marcha Global prosseguirá’
A pedido de Israel, autoridades egípcias realizaram centenas de detenções e deportações no Cairo, impedindo que manifestantes do mundo cheguem à fronteira de Rafah
Os organizadores da Marcha Global para Gaza reiteraram nesta quinta-feira (12/06) que, apesar da deportação de centenas de ativistas pró-Palestina ordenada pelas autoridades do Egito, os manifestantes que estão no Cairo prosseguirão o trajeto até al-Arish como parte da iniciativa. Em comunicado, também ressaltou que “nossos serviços jurídicos estão trabalhando nesses casos”, uma vez que seguiu-se todas as diretrizes exigidas pelo governo local.
“Esperamos poder trabalhar ao lado do governo egípcio como um parceiro fundamental e valioso. Nossas prioridades são as mesmas: exigir o fim do genocídio palestino”, destacou a nota. “[…] a Marcha Global prosseguirá.”
De acordo com a emissora catari Al Jazeera, os ativistas que foram detidos no aeroporto do Cairo e em hotéis da capital egípcia foram para o interrogatório, enquanto alguns tiveram seus pertences confiscados. À agência AFP, o porta-voz da Marcha, Saif Abukeshek, detalhou que se trataram de mais de 200 pessoas, incluindo cidadãos dos Estados Unidos, Austrália, Holanda, França, Espanha, Argélia e Marrocos.
Ainda segundo a Al Jazeera, o governo israelense havia pedido às autoridades egípcias que impeçam a marcha. O ministro da Defesa do regime sionista, Israel Katz, referiu-se aos ativistas pró-Palestina como “manifestantes jihadistas”, alegando que a chegada do grupo à fronteira “colocaria em risco a segurança dos soldados [israelenses]”.

X/Global March to Gaza
A Marcha Global para Gaza, é uma iniciativa internacional que conta com a presença de aproximadamente 10 mil manifestantes de pelo menos 54 países diferentes, incluindo movimentos sociais, humanitários, ativistas independentes e coletivos, todos visando romper o cerco imposto pelo governo de Israel no enclave. Cerca de três mil são provenientes das Américas, Europa e Oceania, enquanto outros sete mil de diversas nações africanas, como Argélia e Tunísia.
De acordo com o site da Federação Árabe Palestina (FEPAL), cinco brasileiros que fazem parte da comitiva portuguesa, composta também por galegos, endossaram a iniciativa. Uma das ativistas é a advogada Andréa Haddad Gaspar, de São Paulo, e outra, Gabriela Albandes Gomes, jornalista gaúcha residente em São Paulo.
Segundo os organizadores da Marcha Global, dentre os objetivos principais, está o de “criar pressão moral e midiática internacional”, uma vez que Tel Aviv tem limitado a entrada de ajuda humanitária no enclave, como parte do seu projeto de genocídio que já matou mais de 55 mil palestinos.
A expectativa é de que todos os ativistas no Cairo partam em direção à cidade de al-Arish na sexta-feira (13/06), por meio de ônibus, tendo como destino final a fronteira de Rafah, no sul do enclave, de onde devem instalar acampamentos em protesto contra as condutas do regime sionista.
De al-Arish até a fronteira de Rafah, a viagem deverá ser feita à pé, em um trajeto de cerca de 50 quilômetros de distância. Espera-se que os ativistas cheguem na região no domingo (15/06).
