Israel mantém Thiago Ávila em solitária à espera de deportação
Ativista brasileiro, preso após Flotilha rumo a Gaza ser interceptada, está sofrendo represália por greve de fome, segundo defesa
O ativista brasileiro Thiago Ávila, preso após embarcação humanitária rumo a Gaza ser interceptada por Israel, está em um cela solitária na prisão de Givon, na cidade de Ramla.
Segundo a advogada de Thiago, que atua no centro jurídico Adalah na Palestina ocupada, ele foi transferido para uma cela solitária “escura, pequena, sem ventilação e sem o a ninguém”. A Opera Mundi, a defesa do ativista sugeriu que a transferência para o isolamento seja uma represália pela greve de sede e fome que ele tem feito desde segunda-feira (09/06), já sob custódia israelense.
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A defesa afirmou que as autoridades israelenses proferiram ameaças de deixá-lo na cela solitária por sete dias, ainda que sua ordem de deportação tenha sido emitida mais cedo nesta quarta-feira (11/06). Segundo a Adalah, o procedimento adotado pelos israelenses é ilegal e se permanecer na solitária, o caso de Thiago será levado à Corte Suprema de Israel.
De acordo com a organização da Flotilha da Liberdade, esta não é a primeira vez que um coordenador da missão é submetido a esse tipo de punição. O uso do confinamento solitário por parte das autoridades israelenses já foi condenado pelas Nações Unidas, que alertam que a prática pode equivaler a tortura, especialmente quando prolongada ou usada como forma de intimidação.
O brasileiro foi interceptado e detido pelos israelenses em águas internacionais no mar Mediterrâneo junto aos demais 11 ativistas da Flotilha da Liberdade na madrugada de segunda-feira. O veleiro Madleen tinha Gaza como destino na tentativa de entregar suprimentos aos palestinos famintos e quebrar o bloqueio israelense.

Instagram/Freedom Flotilha Coalition
Greve de fome
Na tarde de terça-feira (10/06), a organização da Flotilha anunciou que o ativista estava em greve de fome. A informação foi confirmada a Opera Mundi pela esposa de Thiago, Lara Souza.
Lara disse que foi informada sobre a má condição da detenção de Thiago e dos outros tripulantes que também estão sob custódia de Israel: “eles não receberam comida na prisão, somente água não potável. Alguns ativistas denunciaram para seus advogados que as celas estão infestadas de percevejos”.
À reportagem, ela disse que a greve de Thiago é uma forma de resistência contra a prisão ilegal de Israel, além de um protesto contra a situação precária em que ele e os demais estão submetidos.
Além do convite à deportação por parte do governo israelense, os ativistas receberam uma sanção de que estão proibidos de entrar em Israel por 100 anos. ‘’Na prática, isso significa que estão impedidos de entrar na Palestina, já que Israel comanda ilegalmente os territórios palestinos’’. ‘’O Thiago é um preso político, detido ilegalmente por Israel em águas internacionais. Ainda que tivessem ado o limite de águas internacionais, eles (os ativistas) estariam em águas palestinas. A prisão é ilegal de toda forma”, denunciou.
