'Ativistas do Madleen estão seguros e ilesos', afirma governo de Israel
Doze ageiros da embarcação foram aprisionados em tentativa de romper o cerco marítimo à Faixa de Gaza; ativistas e seus apoiadores denunciam 'ilegalidade' e 'sequestro'
Na madrugada desta segunda-feira (09/06), a Marinha de Israel interceptou e assumiu o controle do navio Madleen, da Coalizão da Flotilha da Liberdade, que seguia em direção à Faixa de Gaza.
Os doze ativistas a bordo, que levavam ajuda humanitária à população palestina, foram sequestrados pelas forças israelenses.
Nesta manhã, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou, na plataforma X, que os ativistas foram levados para o porto da cidade de Ashdod, no sul do país; e que devem retornar aos seus países de origem “mais tarde”.
O ministro da pasta, Israel Katz, afirmou que “Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio naval em Gaza, que visa impedir a transferência de armas para o Hamas”. E disse que “Greta [Thunberg] e seus amigos seriam sábios em voltar, pois não chegarão a Gaza”.
O ataque foi realizado em clima de terror psicológico. Drones com sistema de smart shooting cercaram o navio nesta madrugada, borrifando-o com uma substância branca parecida com tinta. As comunicações foram bloqueadas a partir de então.

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Ao confirmar a condução do grupo até Ashdod, Katz declarou que ordenou às Forças de Segurança de Israel (FDI) que “mostrassem aos ageiros da flotilha o vídeo dos horrores do massacre de 7 de outubro”. Em retaliação ao ataque, que matou 1.200 pessoas, Israel promoveu a morte de 54 mil pessoas em Gaza, em uma recusa sistemática pelo cessar-fogo.
A missão do Madleen buscava chamar atenção internacional para a crise humanitária em Gaza, onde agências da ONU alertam para o risco iminente de fome em massa. A repressão israelense à tentativa de romper o bloqueio por vias civis renova o debate sobre os limites da legalidade nas ações de guerra e o respeito ao direito internacional humanitário.
A relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinos, sca Albanese, relatou ter mantido contato com o Madleen antes da interrupção da comunicação. “A jornada de Madleen pode ter terminado, mas a missão não acabou. Todos os portos do Mediterrâneo devem enviar barcos com ajuda e solidariedade para Gaza”, escreveu no X.
‘Sequestro’
Diversos países, como Brasil, França, Irã, Turquia e Espanha, condenaram a interceptação do navio em águas internacionais , o que contraria o direito internacional marítimo.
A Coalização Flotilha da Liberdade, responsável pela missão, criticou veementemente a abordagem israelense, afirmando que o navio foi tomado à força e que seus ocupantes foram sequestrados.
“Às 3h02 CET, o navio foi abordado ilegalmente, sua tripulação civil desarmada foi sequestrada e sua carga vital — incluindo leite em pó para bebês, alimentos e suprimentos médicos — foi confiscada”.
“Israel não tem autoridade legal para deter voluntários internacionais a bordo do Madleen. Esses voluntários não estão sujeitos à jurisdição israelense e não podem ser criminalizados por entregar ajuda ou desafiar um bloqueio ilegal — sua detenção é arbitrária, ilegal e deve terminar imediatamente”, destacou a organizadora da Coalização Flotilha da Liberdade, Huwaida Arraf.
Ativistas estavam desarmados
A organização Adalah, grupo de direitos humanos, que representa os ativistas, afirmou que Israel “não tinha autoridade legal para assumir o controle do navio”, que seguia em direção às águas territoriais palestinas, não ao país.
“A prisão dos ativistas desarmados, que atuaram de forma civil para fornecer ajuda humanitária, constitui uma grave violação do direito internacional”, declarou a entidade, exigindo o imediato a informações sobre o paradeiro e status legal dos detidos, além do direito à representação jurídica.
