Flotilha da Liberdade apela por pressão social após Israel interceptar embarcação
Tripulantes gravaram vídeos prévios em que solicitam ajuda e ruptura das relações de seus respectivos países com Tel Aviv
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) divulgou um comunicado nas redes sociais, assim que os ativistas do Madleen foram sequestrados pelas forças israelenses em águas internacionais, na madrugada desta segunda-feira (09/06).
O texto destaca a ilegalidade da ação e a desumanidade do bloqueio da ajuda humanitária por parte de Israel, e insta os países de origem dos ativistas a se manifestarem e romperem relações com Tel Aviv.
Em campanha nas redes sociais, a Flotilha também divulgou uma série de vídeos, gravados previamente pelos doze ativistas, solicitando que as pessoas entrem em contato com as embaixadas de seus respectivos governos. No caso do Brasil, com o Ministério das Relações Exteriores, por e-mail ([email protected]), pela plataforma X, Instagram ou Facebook.
No vídeo, eles se identificam e afirmam:
“Se você está assistindo a este vídeo, significa que fui detido ou sequestrado por Israel ou outra força cúmplice no Mediterrâneo a caminho de Gaza para quebrar o bloqueio. Neste caso, peço que pressionem meu governo e os governos dos meus camaradas para que sejamos libertados da prisão e rompamos relações com Israel, para pôr fim ao genocídio e ao cerco que os israelenses estão impondo ao povo palestino. Contamos com vocês agora”.

Reprodução / @thiagoavila
Civis desarmados
A Flotilha lembra que os ativistas são civis desarmados que estavam “a bordo de um navio que transportava carga humanitária, incluindo fórmula infantil, suprimentos médicos e outros itens essenciais para a população sitiada de Gaza”. Frisa, também, que eles “não representam nenhuma ameaça” e que “operavam em total conformidade com o direito marítimo internacional, humanitário e de direitos humanos”.
Thiago Ávila, o ativista brasileiro da embarcação, gravou a seguinte mensagem antes de ser sequestrado:
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A esposa do ativista, também fez um vídeo em que apela pela pressão de todos junto a parlamentares, personalidades públicas, Itamaraty e governo brasileiro para trazer o Thiago de volta ao Brasil, e pela libertação dos demais tripulantes da embarcação.
Nesta manhã, o Itamaraty pediu a soltura dos ativistas do Madleen e reafirmou o princípio da liberdade de navegação em águas internacionais. O governo brasileiro também condenou o bloqueio israelense à ajuda humanitária.
O comunicado
No comunicado, a organizadora da Flotilha e advogada de direitos internacionais, Huwaida Arraf, destaca que a “a apreensão viola flagrantemente o direito internacional”.
Confira o texto:
A Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) confirma que seu navio civil, Madleen, transportando ajuda humanitária para Gaza, foi atacado/interceptado à força pelo exército israelense às 3h02 CET em águas internacionais a 31.95236° N, 32.38880° E. O navio foi abordado ilegalmente, sua tripulação civil desarmada foi sequestrada e sua carga vital — incluindo fórmula infantil, alimentos e suprimentos médicos — foi confiscada.
“Israel não tem autoridade legal para deter voluntários internacionais a bordo do Madleen”, disse Huwaida Arraf, advogada de direitos humanos e organizadora da Flotilha da Liberdade. “Esta apreensão viola flagrantemente o direito internacional e desafia as ordens vinculativas da CIJ que exigem o humanitário ir a Gaza. Esses voluntários não estão sujeitos à jurisdição israelense e não podem ser criminalizados por entregar ajuda ou desafiar um bloqueio ilegal — sua detenção é arbitrária, ilegal e deve terminar imediatamente.”
Israel está mais uma vez agindo com total impunidade. Desafiou as ordens vinculativas do Tribunal Internacional de Justiça para permitir o o ir da humanidade a Gaza, desconsiderou as leis internacionais que protegem a navegação civil e ignorou as demandas de milhões de pessoas em todo o mundo que clamavam pelo fim do cerco e do genocídio.
Este último ato de agressão contra o FFC segue o ataque impune de drones israelenses ao nosso navio anterior, o Conscience, que deixou quatro voluntários civis feridos e o navio incapacitado e em chamas em águas europeias. Esse ataque não provocado violou o direito internacional. Agora, Israel intensificou a violência novamente, visando outro navio civil pacífico.
Exigimos:
• O fim do cerco ilegal e mortal a Gaza.
• A libertação imediata de todos os voluntários sequestrados;
• A entrega imediata de ajuda humanitária diretamente aos palestinos, independentemente do controle da potência ocupante
• Total responsabilização pelos ataques militares a Madleen e Conscience;
Os governos devem cumprir suas obrigações sob o direito internacional e parar de permitir os crimes de Israel. Não nos deixamos abater. Navegaremos novamente. Não pararemos até que o cerco termine e a Palestina esteja livre.
