'Flotilha deu mais visibilidade à causa palestina', avalia especialista
Para Bruno Huberman, embarcação humanitária foi bem-sucedida ao dar repercussão sobre ilegalidades de Israel
A embarcação Madleen, da Coalizão da Flotilha da Liberdade, conseguiu um feito positivo: dar mais visibilidade à causa palestina e repercussão sobre as ilegalidades do Estados de Israel contra a Faixa de Gaza, segundo Bruno Huberman. Para o especialista, a missão humanitária alcançou uma notoriedade que anteriores não conseguiram.
Nesse sentido, a Opera Mundi, o professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP defendeu que a Flotilha foi bem-sucedida. “Essa intercepção ganhou mais repercussão por conta da visibilidade da embarcação. O trabalho de comunicação foi muito bem feito, algo que as iniciativas anteriores não haviam conseguido alcançar”.
O exemplo de Huberman é de 2010, quando uma embarcação com destino a Gaza também foi atacada por Israel e resultou na morte de nove pessoas e dezena de feridos.
Desta vez, em campanha nas redes sociais, a Flotilha da Liberdade e os tripulantes divulgaram uma série de vídeos e imagens contando sobre a missão e pediam que as pessoas pressionassem suas embaixadas e governos a agirem diante do bloqueio.
O veleiro Madleen estava a caminho de Gaza com objetivo de levar ajuda humanitária ao território palestino desafiando o bloqueio israelense, intensificado desde 2 de março, que impede a entrada de suprimentos e agrava a crise de fome da população local.
A embarcação, que transportava 12 ativistas — entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila —, foi interceptada por forças israelenses em águas internacionais na madrugada desta segunda-feira (09/06). De acordo com o membro do Coletivo Vozes Judaicas por Libertação, essa ação “é uma violação do direito internacional, pois o barco não estava em águas israelenses em nenhum momento. Navegava por águas internacionais ou palestinas”.
O veleiro transportava alimentos, filtros de água, medicamentos e barras de proteína para a população civil. Mais de 54 mil palestinos já foram mortos pelos ataques israelenses desde outubro de 2023.
“Como o território de Gaza está sob ocupação israelense há décadas, sua área marítima também está, de forma ilegal, submetida a um bloqueio. A ocupação é ilegal, o embargo é ilegal — Israel ocupa há 60 anos e impõe o embargo há 20 —, portanto, é mais uma ilegalidade”, declarou o professor.

Reprodução / @thiagoavila
Posição do Brasil
Bruno Huberman observou um posicionamento “bastante tímido” do Brasil em relação à interceptação e seguinte prisão dos ativistas, incluindo o Thiago Ávila, já que “não chega a condenar a ação do Estado israelense”. O especialista de origem judaica também argumentou que o comunicado divulgado pelo Itamaraty “poderia ser mais incisivo, considerando que há um cidadão brasileiro entre os ativistas da flotilha, submetido a uma agressão direta por parte de Israel”, completou.
O governo brasileiro reiterou “a necessidade de que Israel remova imediatamente todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em território palestino, conforme suas obrigações como potência ocupante”.
Thiago Ávila segue detido em Israel após se recusar a papéis de deportação impostos pelo governo israelense. De acordo com Tel Aviv, os que recusaram serão ouvidos por um juiz.
