Gaza vive jornada de massacre após novos ataques israelenses
Norte está sitiado pelo Exército israelense, com palestinos impedidos de receber suprimentos
A Defesa Civil da Faixa de Gaza denunciou que Israel realizou um “verdadeiro massacre” ao explodir uma dúzia de prédios residenciais no campo de refugiados de Jabalia, na parte norte do enclave, na noite de quinta-feira (24/10).
Cerca de 150 pessoas foram mortas, feridas ou estão soterradas sob os escombros, estima a defesa civil.
Também no norte de Gaza, as Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) atacaram o hospital Kamal Adwan, uma das poucas instalações médicas que ainda operam na região. Um vídeo difundido pela emissora catari Al Jazeera mostra um tanque israelense disparando contra a unidade hospitalar.
Pouco depois, soldados invadiram a unidade, ordenaram que todos os pacientes fossem para o pátio principal e prenderam o ciberativista palestino Abdul Rahman Battah, de 18 anos. Ele sofreu maus tratos ainda dentro do hospital, antes de ser levado para local desconhecido pelos militares.
A denúncia foi feita por Ramy Abdu, diretor do Euro-Med Human Rights Monitor em uma publicação no X (antigo Twitter). O adolescente, conhecido como Aboud, tem 3,5 milhões de seguidores no Instagram.
Segundo o diretor do hospital, a maior parte dos vidros das janelas, a estação de oxigênio e a unidade de terapia intensiva sofreram graves danos. Ele disse que a unidade corria o risco de se transformar numa vala comum já que, em decorrência do cerco militar à região norte de Gaza, um paciente estava morrendo a cada hora.
Segundo um porta-voz da Defesa Civil de Gaza, o hospital foi isolado pelas tropas israelenses e mais de 150 pacientes e funcionários permaneciam presos ali.
O norte de Gaza está sitiado pelo Exército israelense desde 6 de outubro, com 400 mil palestinos presos, impedidos de receber suprimentos e sob bombardeio constante. Nesse período, mais de 770 pessoas morreram neste cerco.
13 dos 17 mortos eram crianças
Na parte central de Gaza, ao menos outras 17 pessoas morreram e 42 ficaram feridas nas últimas 24 horas como resultado do bombardeio a uma escola transformada em abrigo no superlotado campo de refugiados de Nuseirat, na parte central de Gaza. Segundo fontes médicas da região, 13 dos 17 mortos eram crianças e três, mulheres.
Ainda segundo fontes médicas locais, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, ao menos 38 palestinos de uma mesma família morreram nos ataques israelenses, incluindo 14 crianças que foram sufocadas pela fumaça dos mísseis.

Ofensiva israelense avança contra campo de refugiados e hospitais
As imagens divulgadas pela Al Jazeera mostram corpos pelo chão no Hospital Nasser e parentes desesperados. O porta-voz da Defesa Civil de Gaza postou um vídeo na manhã de sexta-feira (25/10) com as equipes de resgate recuperando os corpos de nove crianças.
Outra denúncia recorrente em Gaza diz respeito ao uso de palestinos como “escudos humanos”. As tropas israelenses os obrigam a entrar antes deles em locais onde suspeitam que possam haver armadilhas e, algumas vezes, chegam a vesti-los como soldados israelenses.
Saída do Líbano para a Síria é bombardeada
A ofensiva israelense continuou também no Líbano, onde ao menos 19 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas.
Na noite de quinta-feira, os bombardeios se dirigiram a locais onde se concentravam jornalistas e na principal agem de fronteira com a Síria, impedindo refugiados de ar. Três soldados libaneses foram mortos quando tentavam evacuar pessoas feridas da vila fronteiriça de Yater, segundo o Exército do Líbano.
Israel não comentou o incidente.
Cerca de 430 mil pessoas fugiram do Líbano para a Síria desde o início da invasão israelense a esse país, informou a porta-voz da ACNUR em Amã, Rula Amin. Ela destacou que o ataque perto da agem fronteiriça não foi precedido de nenhum aviso.
“Esses ataques são preocupantes porque bloqueiam o caminho para a segurança das pessoas que fogem do conflito”, disse Amin.
Ainda no Líbano, a Força Aérea israelense bombardeou também o alojamento que reunia jornalistas de diversos meios, matando cinco profissionais da mídia.
